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A história macabra por trás do logo da Apple

O “pai da computação moderna”, foi condenado na década de 1950 por ser homossexual e morreu com uma maça envenenada por cianeto, em um possível suicídio, ou até mesmo morto por preconceito

01/02/2025 às 15h28 Atualizada em 07/02/2025 às 02h01
Por: Cida Bassi
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A história macabra por trás do logo da Apple

A história por trás do logo da Apple e o mito relacionado ao suicídio de Alan Turing são frequentemente confundidos, mas na realidade, não há nenhuma relação direta entre os dois. Mas, poderia, afinal o homem que salvou milhares de vidas durante a segunda guerra mundial foi perseguido simplesmente por ser gay enquanto heterossexuais matavam pessoas inocentes.

O logo original da Apple foi projetado por Rob Janoff em 1977, e a maçã mordida foi escolhida como símbolo por alguns motivos, mas não tem relação com Alan Turing ou qualquer evento relacionado ao suicídio. A maçã mordida foi escolhida porque, ao contrário de uma maçã inteira, ela é mais facilmente reconhecível e visualmente impactante, além de representar a simplicidade e acessibilidade dos computadores da Apple. O design também fazia referência ao conhecimento — como a maçã que, na história bíblica, representa a fruta proibida e a obtenção de sabedoria.

O logo da Apple não faz referência a Alan Turing e sua história trágica de sua vida. Turing, um dos maiores matemáticos da história, responsável pela quebra do código Enigma e considerado o "pai da computação moderna", foi condenado na década de 1950 por ser homossexual — uma prática ilegal na época. Ele foi forçado a passar por tratamento hormonal e, em 1954, morreu de envenenamento por cianeto, em um possível suicídio, ou até mesmo morto por preconceito (embora o caso nunca tenha sido totalmente esclarecido). A ideia de que o logo da Apple é uma homenagem a Turing surgiu devido à coincidência de uma maçã com a forma que, supostamente, ele teria usado para tirar sua própria vida.

O filme: Jogo da imitação mostra a trajetória de Alan Turing, interpretado por Benedict Cumberbatch, um gênio da matemática e da computação, mas também um homem com uma personalidade difícil e um segredo: sua homossexualidade, que era ilegal na Grã-Bretanha na época. Turing é recrutado pelo governo britânico para trabalhar em Bletchley Park, onde se junta a uma equipe de criptoanalistas com o objetivo de decifrar as mensagens codificadas da Enigma.

Embora ele enfrente resistência de seus colegas e superiores devido à sua personalidade excêntrica e sua maneira pouco convencional de trabalhar, Turing constrói uma máquina chamada "Christopher" (um protótipo do que mais tarde seria a base para os primeiros computadores), que será fundamental para quebrar o código. Ao longo do filme, também vemos o lado pessoal de Turing, sua luta com sua identidade e as dificuldades que ele enfrentou como homossexual em uma sociedade intolerante da época.

O filme explora como Turing, apesar de sua genialidade, tinha dificuldades em se relacionar com os outros, o que muitas vezes o tornava isolado. Isso é um reflexo do fato de que ele foi uma pessoa à frente de seu tempo, não só intelectualmente, mas também em termos de identidade pessoal.

A luta de Turing contra o preconceito é um tema central do filme. Sua homossexualidade, que era ilegal na época, é algo que ele precisou esconder e lidar em silêncio, o que, em muitos aspectos, fez com que ele se tornasse uma figura solitária. Sua condenação por "indecência" após a guerra, quando foi forçado a se submeter a tratamentos hormonais, é uma das tragédias mais dolorosas de sua vida.

O filme também celebra a inovação e o impacto de Turing no desenvolvimento da computação moderna. Sua máquina "Christopher" pode ser vista como o embrião dos computadores modernos, e sua contribuição foi vital para a quebra do código Enigma, um marco na guerra.

Embora Turing tenha sido a mente brilhante por trás do projeto, o filme também destaca a importância do trabalho em equipe e como outras figuras importantes, como Joan Clarke (interpretada por Keira Knightley), também contribuíram para o sucesso da missão.

Não há evidências de que a maçã mordida no logo da Apple tenha sido inspirada diretamente em Alan Turing ou em seu suicídio. O design do logo foi uma escolha estética, com conotações de acessibilidade e inteligência, e não uma homenagem ao matemático.

O Jogo da Imitação foi amplamente aclamado pela crítica e recebeu várias indicações e prêmios, incluindo 8 indicações ao Oscar. Benedict Cumberbatch foi especialmente elogiado por sua interpretação de Turing, recebendo uma indicação ao Oscar de Melhor Ator. Keira Knightley também recebeu elogios por seu papel como Joan Clarke, ganhando uma indicação ao Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante. O filme ganhou o BAFTA de Melhor Roteiro Adaptado e o Prêmio do Público no Festival de Toronto.

O filme tem um papel importante em reviver a história de Alan Turing, que, apesar de sua enorme contribuição à história da ciência e da guerra, foi até recentemente pouco reconhecido. Em 2013, o governo britânico, mais de 50 anos após sua morte, emitiu um pedido formal de desculpas por sua condenação, reconhecendo a injustiça que Turing sofreu.

Curiosidade
O título do filme, The Imitation Game, faz referência a um conceito desenvolvido por Turing em 1950, conhecido como o "Teste de Turing", uma medida para determinar se uma máquina pode exibir comportamento inteligente equivalente ao de um ser humano.

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