Domingo, 27 de Abril de 2025
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No Paraná, 13% de quem empreende tem mais de 60 anos

Número que representa um crescimento de 9,2% em relação ao ano de 2016

28/03/2025 às 12h21
Por: Rede Geração
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Aneli Dekker, de Londrina, converteu sua experiência na universidade em uma solução inovadora - Foto: Assessoria
Aneli Dekker, de Londrina, converteu sua experiência na universidade em uma solução inovadora - Foto: Assessoria

Com desejo de autonomia, após 35 anos trabalhando em malharias, Geraldo Silva Paggi, de Maringá, decidiu que era a hora de investir em um negócio próprio. Com a esposa, Luzia, montou uma pequena fábrica de malhas para embalagem, mas foi só após a tão aguardada aposentaria, em 2021, que pôde se dedicar exclusivamente ao projeto.

“Era um sonho poder me dedicar a algo nosso. Hoje estamos com uma máquina para fabricar malhas de 60 metros e outra para malhas de dois metros. Vendemos para lojas de sofás, colchões e shoppings atacadistas de vestuário. Começamos em abril de 2021, e vem dando tudo certo”, conta Geraldo, aos 65 anos de idade.

A indústria de malhas para embalagens de móveis, colchões, estofados e outros, que começou de forma caseira, hoje fica instalada em um barracão industrial da prefeitura de Maringá e tem 60 metros quadrados.

“Dá trabalho empreender, mas conto com apoio em Maringá. Temos capacitações e cursos que para nos ajudar a fazer tudo funcionar. Agora, minha demanda é por um atendimento na área de contabilidade”, diz o empreendedor, ex-participante do Empreend+, programa do Sebrae/PR e Prefeitura de Maringá.

Geraldo faz parte do público que engordou o empreendedorismo sênior no Paraná nos últimos anos. No cenário do empreendedorismo paranaense, o público com mais de 60 anos está à frente de 213 mil negócios, número que representa um crescimento de 9,2% em relação ao ano de 2016, quando eram cerca de 195 mil. Entre os principais setores, estão o de Serviços (30%), Comércio (24%) e Agronegócio (23%).

Os dados estão presentes em levantamento do Sebrae/PR, com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) - Terceiro Trimestre de 2024, do IBGE, e mostra que 72% desses negócios são liderados por homens e 28% por mulheres, com rendimento médio mensal de R$ 4.076. 

Orientação

A coordenadora de Relacionamento com Clientes do Sebrae/PR, Letícia Monteiro Pimentel, afirma que o empreendedorismo é uma ferramenta estratégica para apoiar a promoção do desenvolvimento econômico e social, com grande participação do público sênior no processo.

“Eles demonstram que o envelhecimento da população não representa inatividade, significa que é sim uma fase produtiva e inovadora, quando o trabalho e o propósito caminham juntos, com experiência, resiliência e uma gestão estruturada. Temos o compromisso de fortalecer esse ecossistema por meio de capacitação, atendimento, suporte e soluções que garantam um ambiente propício para inovar, gerar empregos e impactar positivamente a sociedade”, aponta Letícia.

O material mostra ainda que 33,8% deles estão formalizados e outros 66,2% estão na informalidade. Estar legalizado, além de trazer benefícios, pode ser um diferencial no sucesso do negócio, já que a pesquisa demonstra que os formalizados alcançam um rendimento médio de R$ 7.655, número 71% maior do que os informais, que contam com média de R$ 2.246.

Além disso, o Sebrae/PR preparou um estudo para aprofundar os conhecimentos dos pequenos negócios formalizados e lançou a pesquisa Empreendedorismo na 3° Idade no Paraná. O material destaca como principal motivação desse público o intuito de aproveitar uma oportunidade de negócio (29%), seguida por necessidade financeira (28%) e desejo de autonomia (25%).  

Da universidade para o empreendedorismo

Dados da Receita Federal, apontam que no contexto dos empreendedores 60+ no Paraná, cerca de 83% são micro pequenos negócios, sendo 25% microempreendedores individuais, 48% são microempresa e 10% são empresas de pequeno porte.

Aos 68 anos, a professora universitária aposentada Aneli Dekker celebra cinco anos como empresária, um caminho que jamais imaginou trilhar. Com uma carreira dedicada ao ensino e à pesquisa na Universidade Estadual de Londrina (UEL), ela decidiu, após a aposentadoria, transformar três décadas de estudos científicos em um negócio inovador. Foi assim que lançou uma linha de cosméticos à base de Beta-Glucana, substância com propriedades rejuvenescedoras e efeito anti-idade, eficaz na redução de rugas, acne, manchas, além de contribuir para a melhora de estrias e celulite.

Fundada em 2020, a startup Beta-Glucan Biotecnologia está instalada no campus da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), em Londrina, e já tem seus produtos disponíveis em farmácias da cidade. O portfólio inclui loções corporais, itens de cuidados faciais e uma água micelar desenvolvida com o apoio do programa ALI, do Sebrae/PR. Apesar de nunca ter se visto no papel de empreendedora, Aneli conta que foi movida pelo desejo de levar os benefícios da Beta-Glucana a um número maior de pessoas.

“É muito distante você ser uma professora pesquisadora e se tornar empresária. Para mim, está sendo um desafio e, gradativamente, estou conseguindo”, revela.

Desde então, ela se tornou uma presença constante no ecossistema de inovação de Londrina, participando de eventos, rodadas de negócios e programas de capacitação para aprender mais sobre empreendedorismo e ampliar sua rede de conexões.

A expectativa de vida da população vem crescendo ao longo dos anos e alcançou, em 2023, a estimativa de 85 anos, segundo o IBGE. 

Fernanda Robes, consultora do Sebrae/PR, lembra da previsão de que existirão mais idosos do que crianças até 2030, um ponto que reforça a importância desses empresários no mercado de trabalho, seja no empreendedorismo por necessidade ou por oportunidade. O estudo ainda aponta que, entre os formalizados, 94% começaram seus negócios antes de completar 60 anos.

“Com 213 mil e 91,5% dos negócios ativos há mais de dois anos, o empreendedorismo sênior é uma realidade consolidada no Paraná, mas a informalidade segue em alta, com 66%. Isso traz dificuldades na busca pelo crédito, em acesso a novos mercados e a falta de benefícios, como o de auxílio-doença. Com uma conscientização, esse público pode fortalecer ainda mais a economia paranaense”, conclui Fernanda.

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