Michel enfrentava um tratamento para crises de pânico, desencadeadas por traumas acumulados ao longo de mais de 20 anos de trabalho na televisão. Nesse período, ele foi vítima e testemunha de situações extremamente violentas e dolorosas: crimes como pedofilia e prostituição juvenil, ameaças de morte, agressões físicas, além de sofrer preconceito por sua origem nipônica e presenciar diversos casos de racismo contra pessoas negras e gordas.
Essas experiências traumáticas emergiram com força durante uma fase de realinhamento espiritual na Umbanda, especialmente durante uma festa de Erê, despertando memórias que o impediam de viver plenamente sua felicidade.
Em um momento de profunda tristeza e angústia, Michel murmurou em voz alta:
"Por que tudo isso?"
Foi então que, como um sussurro vindo de outra dimensão, ouviu com clareza a frase:
"O remédio que cura, na maioria das vezes, é amargo."
Aquelas palavras não pareciam ser dele. Estranhamente, não carregavam o tom habitual do seu próprio pensamento. Isso o levou a suspeitar que a mensagem poderia ter vindo de sua Pombagira, Dama da Noite. A suspeita foi confirmada posteriormente por Zé Pelintra, padrinho espiritual do terreiro que Michel frequenta.
A frase marcou um ponto de virada — uma lembrança de que, muitas vezes, o processo de cura exige atravessar a dor com coragem e fé.