Exu é uma entidade muito mal compreendida fora dos terreiros. Ao contrário do senso comum e das visões deturpadas por preconceito religioso, Exu não é um demônio. Na Umbanda, Exu é uma entidade de luz, que atua na linha da justiça, da comunicação, da abertura de caminhos e da transformação. Ele está ligado ao mundo material, ao equilíbrio entre os opostos, ao movimento e à verdade.
Exu não julga pela aparência, mas pela intenção, pelo caráter e pelas ações reais de cada pessoa.
Aqui, "imundos" não se refere a sujeira física, mas a impurezas morais e éticas — pessoas que agem com falsidade, crueldade, injustiça, corrupção, arrogância, hipocrisia ou egoísmo.
Quando se diz que Exu vem trazer justiça, significa que ele age como um agente espiritual que desmascara, cobra, equilibra e devolve a cada um o que lhe é devido, segundo a Lei Maior (o conjunto de princípios espirituais de equilíbrio e verdade que regem o universo).
Ou seja, Exu não pune por raiva ou vingança, mas faz com que as consequências dos atos injustos se manifestem — é a lei do retorno, da responsabilidade espiritual.
Essa frase pode ser entendida como um aviso e uma chamada para a integridade: ninguém escapa da justiça espiritual. Exu vê além das máscaras, atua onde há desequilíbrio, e protege os justos, os humildes, os que sofrem por causa das ações dos "imundos".
Ao mesmo tempo, é um lembrete de que não há espiritualidade verdadeira sem ética, verdade e coerência. E Exu está atento a isso.