Em um mundo onde os algoritmos priorizam corpos expostos, escândalos vazios e entretenimento descartável, a UXE Communicare segue na contramão. Criada pelo jornalista e pesquisador Michel Hajime, a iniciativa — que pretende se tornar uma ONG — não possui redes sociais e não busca engajamento. Seu foco é simples, mas poderoso: denunciar crimes e proteger vítimas, mesmo que isso não viralize.
A ausência digital da UXE é uma escolha ética. Para Michel, não há espaço para likes onde há dor, e nenhuma causa séria deveria se medir por curtidas. Segundo ele, enquanto perfis que exibem nudez ou conteúdos fúteis dominam os algoritmos, ações de denúncia e enfrentamento à violência seguem invisíveis — não por irrelevância, mas por resistência à lógica da superficialidade.
A UXE nasceu para enfrentar crimes cometidos principalmente por pessoas com poder — integrantes dos Três Poderes, autoridades e instituições que deveriam proteger, mas muitas vezes abusam, silenciam ou se omitem. Ao recusar o jogo da vaidade digital, o grupo protege sua autonomia, evita exposição indevida e se mantém fiel à missão: agir, investigar, denunciar e proteger.
Michel Hajime sabe o que é cair e sangrar. Vítima de abuso na adolescência e marcado por traumas que só vieram à tona décadas depois, ele reconhece a verdade cruel: as pessoas só se mobilizam quando a dor bate em suas portas. E, mesmo assim, muitas já estão fracas demais para lutar. Por isso, sua iniciativa não pede aplausos — pede justiça. E a UXE Communicare seguirá de pé por aqueles que já não conseguem se levantar sozinhos.