Domingo, 16 de Março de 2025
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A prior prostituta é aquela que casa: Prostituição dos dias atuais

Uma Realidade Complexa e a Hipocrisia de Certos Julgamentos Sociais

28/02/2025 às 11h22
Por: Rede Geração
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Foto: Imagem ilustrative- Facebook: Dr. Elpídio Donizetti
Foto: Imagem ilustrative- Facebook: Dr. Elpídio Donizetti

A prostituição sempre foi um tema polêmico e, infelizmente, muito estigmatizado. As mulheres que optam por vender seu corpo para sobreviver geralmente enfrentam o desprezo e o julgamento da sociedade. No entanto, o que muitos não percebem é que, para muitas dessas mulheres, a prostituição não é uma escolha, mas uma necessidade, frequentemente imposta pela falta de alternativas reais como emprego, educação ou apoio familiar. Em muitos casos, essas mulheres não têm outra opção senão recorrer ao comércio do sexo para garantir sua subsistência e, muitas vezes, a de seus filhos.

Contudo, o que mais chama a atenção é o comportamento contraditório e hipócrita da sociedade em relação à prostituição em suas formas mais “aceitas” e disfarçadas, como o famoso fenômeno do "golpe do baú". Ao contrário da prostituta que vende seu corpo de forma explícita e visível, essas mulheres optam por "vender" seu corpo em troca de segurança financeira, mas de uma forma que disfarça suas intenções. As mulheres que se casam com homens mais velhos, ricos e, muitas vezes, já em fim de vida, fazem disso uma prática bem-sucedida e até glamourosa. O termo "velho da lancha", que se tornou uma piada popular na internet, representa exatamente esse tipo de relação: mulheres que buscam casamentos por puro interesse financeiro.

Leia também: A Teoria da Práxis e a Prisão do Casamento por Interesse: A Ilusão da Liberdade

Essas mulheres, que muitas vezes são vistas como “espertas” ou “bem-sucedidas”, acabam sendo admiradas por uma parte da sociedade, enquanto aquelas que se prostituem abertamente são olhadas com desprezo e julgamento. No entanto, ao observarmos de perto, vemos que essas duas realidades são muito mais semelhantes do que gostaríamos de admitir. Afinal, o que é o "golpe do baú" se não uma forma de prostituição camuflada? Ambas as situações envolvem mulheres que se submetem ao corpo e à sua imagem para alcançar algo material. A única diferença é que uma o faz de maneira transparente, enquanto a outra se esconde atrás de um casamento por conveniência.

E, se formos honestos, o que realmente define a prostituição? Para muitas mulheres, o casamento com um homem rico e mais velho não é muito diferente de vender seu corpo por dinheiro, exceto pela embalagem que a sociedade escolhe ver. Essas mulheres podem ter filhos e uma família, mas estarão sempre vivendo uma mentira, criando uma farsa onde o amor não é genuíno, mas sim uma troca calculada. No final das contas, elas continuam vendendo seu corpo, só que em uma negociação disfarçada de romance.

Não podemos esquecer que, na maioria dos casos, a prostituta de rua, aquela que recebe o estigma social mais pesado, muitas vezes não está ali por escolha. Ela não nasceu com a oportunidade de frequentar boas escolas, de encontrar um emprego estável ou de ser amada por sua família de maneira incondicional. Para muitas, a prostituição é um meio de garantir a sobrevivência, muitas vezes para seus filhos e pessoas que ama. Ela não está negociando o amor, ela está lutando pela sobrevivência. E, ao contrário das "golpistas" que casam por interesse, essas mulheres estão, de alguma forma, sendo mais autênticas e transparentes em sua situação.

Já aquelas que se entregam ao casamento por interesse não apenas se veem em um dilema ético e emocional, mas também acabam se tornando parte de uma sociedade que perpetua a falsa ideia de que o sucesso e a felicidade podem ser comprados. Elas não estão vivendo para elas mesmas, mas sim para sustentar uma farsa, um relacionamento baseado em mentiras e no desejo de alcançar algo material. E, muitas vezes, essas mulheres se tornam as maiores críticas das prostitutas, julgando-as por venderem seus corpos, quando, na verdade, estão fazendo exatamente o mesmo.

É importante refletirmos sobre o julgamento que fazemos de diferentes tipos de mulheres. Aquela que se prostitui por necessidade não é necessariamente menos digna do que a que se "prostitui" por interesses materiais. A prostituta de rua pode estar fazendo o que faz para sustentar sua família ou garantir um futuro melhor para seus filhos, enquanto a mulher que se casa com um homem mais velho, rico e sem amor, está muitas vezes apenas trocando a honestidade por estabilidade financeira. Ambas estão buscando algo através de seus corpos, apenas de formas diferentes.

A sociedade precisa repensar suas concepções sobre o que é moralmente aceitável. Embora a prostituição seja muitas vezes vista com estigma, o que realmente merece crítica são as mulheres que se aproveitam de relacionamentos por puro interesse financeiro, como as que buscam o famoso “golpe do baú”. Essas mulheres trocam o amor verdadeiro e a felicidade por segurança material, vivendo uma farsa e se escondendo atrás de um casamento de conveniência. Elas não estão apenas vendendo seu corpo, mas sua dignidade, vivendo uma vida de mentiras, enquanto julgam aquelas que, de forma mais honesta e transparente, buscam sobreviver. O verdadeiro questionamento deve ser feito sobre a hipocrisia de valorizar essas relações disfarçadas de romance, enquanto desprezamos a prostituição que, muitas vezes, é uma questão de necessidade, não de escolha

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