O ano de 2025, que tem como regentes os orixás Xangô, Iansã e Iemanjá, trouxe consigo um poderoso simbolismo. Xangô, o orixá da justiça, governa até abril, refletindo a busca pela equidade, o fim das desigualdades e a promoção da justiça social. Foi neste contexto que as escolas de samba levaram para o Sambódromo enredos que não só celebravam a riqueza cultural da Umbanda, mas também denunciavam as feridas da sociedade brasileira, como o preconceito religioso e a demonização injusta de suas práticas.
Em pleno desfile, a mensagem foi clara: a Umbanda, longe de ser uma prática do mal, é uma religião baseada no amor, na caridade e na ajuda ao próximo. Exu, frequentemente mal interpretado e associado ao diabo em uma série de distorções históricas, foi retratado de maneira respeitosa e verdadeira, desafiando estigmas e recontando sua verdadeira essência. Exu, na tradição umbandista, é o mensageiro, o orixá da comunicação e da transformação, e sua representação no Carnaval de 2025 teve como objetivo desfazer mitos que, por tanto tempo, têm sido propagados.
O desfile de 2025 não foi apenas uma festa, mas um protesto contra a intolerância religiosa que ainda persiste no Brasil, unindo o sagrado ao secular e mostrando que o Carnaval pode ser, sim, uma plataforma para falar sobre justiça social e resistência. A escolha de enredos que abordaram temas como o respeito às religiões afro-brasileiras e a luta contra a difamação de suas práticas foi, sem dúvida, uma das mais impactantes do ano.
O Carnaval de 2025, ao destacar a Umbanda como um pilar cultural e espiritual da sociedade brasileira, foi um grito de resistência. Ele lembrou a todos que o Carnaval não é apenas um espetáculo de música, dança e fantasia, mas também uma oportunidade de reflexão e de afirmação de valores como respeito, justiça e igualdade. Ao dar voz a um dos maiores patrimônios culturais do Brasil, as escolas de samba não apenas celebraram a religião umbandista, mas também se posicionaram contra a intolerância religiosa, que ainda encontra espaço em nosso país, principalmente quando se trata das religiões de matriz africana.