Levantamento com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD), do IBGE, referente ao último trimestre do ano passado, aponta que muitas mulheres não só estão à frente de negócios, mas também assumem papéis de liderança dentro de suas casas.
No levantamento, 32,7% de quem empreende no Estado são mulheres, com 51,2% delas atuando como líderes em suas famílias. Os dados revelam ainda que a maioria das empreendedoras paranaenses atua no setor de Serviços, com aproximadamente 289 mil negócios em atividade.
Em geral, o empreendedorismo é marcado por histórias de conquistas e superação. Ester Schimidt sabe bem disso. Dona da Avante Global, uma loja especializada em produtos de limpeza e suprimentos corporativos localizada em Maringá, no noroeste do Paraná, ela passou por desafios, quebrou um negócio há alguns anos e se reinventou até se consolidar.
A história que Ester conta hoje começou a se desenhar em 2017, quando, ao lado de uma antiga sócia, fundou um escritório de assessoria em licitações para empresas de diversos segmentos.
“Atendíamos uma indústria de produtos químicos, e essa proximidade com os proprietários despertou em mim a vontade de também atuar na área de suprimentos”, diz.
Entre uma tarefa e outra, ela relembra que, pouco depois, com a chegada da pandemia, as prioridades do mercado mudaram. O desejo de expandir levou a uma parceria com a indústria para abrir um negócio próprio.
“Chegamos a atender o ramo das academias da terceira idade, no qual meu esposo já atuava, mas os produtos menos essenciais deixaram de ser comprados, então decidimos apostar na venda de itens de combate à covid-19, como álcool em gel e tapetes sanitizantes”, conta.
Ao observar um crescimento na demanda, Ester enxergou a oportunidade de abrir uma loja física e liderou o novo desafio.
“Vimos que a procura por produtos de limpeza triplicou e percebemos que havia espaço para atender tanto empresas quanto consumidores comuns”, explica.
A empresa cresceu, incluindo televendas para atender escritórios, construtoras e indústrias.
“Do primeiro para o segundo ano, crescemos cerca de 60%. No terceiro, a margem de mercado apertou, mas ainda assim seguimos com crescimento mensal e clientes recorrentes”, destaca a empresária.
Acostumada a lidar com múltiplas responsabilidades, Ester concilia a gestão da loja com o atendimento a alguns clientes da assessoria – hoje menor –, e as tarefas do dia a dia. A empreendedora, formada em Letras e que já atuou como fotógrafa, tem paixão por identificar oportunidades.
“Não brincava de boneca, brincava de lojinha. Gosto de ajudar outras pessoas e compartilhar minha experiência”. “É tudo bastante desafiador na vida de uma pessoa multitarefas. É difícil começar do zero. E eu comecei mais de uma vez”, testemunha.
Letícia Monteiro Pimentel, coordenadora de Empreendedorismo Feminino do Sebrae/PR, observa que, mesmo com mais empreendedoras no mercado, elas ainda enfrentam desafios para conseguir impulsionar negócios.
“Ainda que a maioria dos novos negócios pertença a homens, o número de mulheres empreendedoras vem crescendo. Porém, elas enfrentam várias dificuldades, como a que surge, acompanhada de críticas, ao tentar conciliar os negócios com a vida pessoal, por exemplo, na maternidade”, pontua a consultora.
No Estado, a polução feminina corresponde a 50,9% do total. A ocupação no mercado de trabalho por mulheres é de 43,4% e na atividade empreendedora corresponde a 32,7%. O rendimento médio para 56,7% das donas de negócios é de até 2 salários-mínimos. A maioria das empreendedoras paranaenses é branca (70,8 %), sendo 24,9% parda e 3,1% preta.
Equipes
O levantamento também traz dados sobre o tamanho das equipes e os locais de preferência das mulheres para empreender. Cerca de 90% delas desenvolvem suas atividades com equipes de, no máximo, cinco pessoas. Na mesma análise, 52% das empreendedoras preferem desenvolver o negócio em locais convencionais, como lojas e galpões. Letícia observa que a tendência de equipes menores no empreendedorismo feminino se dá, muitas vezes, por uma questão de necessidade imediata.
“Assim como acontece no empreendedorismo de uma forma geral, entre as mulheres há uma parcela significativa que empreende por necessidade. Dessa forma, por vezes a prioridade de muitas é garantir uma renda mínima e não, necessariamente, expandir a equipe ou o negócio”, explica a consultora.
As mulheres não estão sozinhas
O Sebrae/PR oferece diversas alternativas para fortalecer o empreendedorismo feminino. Entre elas, o Sebrae Delas, que apoia a aceleração de pequenas empresas lideradas por mulheres e o desenvolvimento de competências para pequenos negócios. Outra iniciativa é a Comunidade Mulheres Empreendedoras, um grupo on-line exclusivo para empreendedoras que incentiva o networking e a troca de conhecimentos entre elas.
O primeiro passo dentro do empreendedorismo feminino pode ser dado nas Salas do Empreendedor, onde é possível obter mais informações e tirar dúvidas sobre como começar um negócio e quais as melhores linhas de crédito, através do Banco da Mulher Paranaense, uma iniciativa da Fomento Paraná. No site do Sebrae/PR, as mulheres ainda têm acesso a cursos, eventos e rodadas de negócios, além de poder localizar a unidade mais próxima para obter orientações personalizadas. Mais informações no link.
