O Conselho Tutelar determinou, nesta semana, que o jovem seja afastado imediatamente de suas atividades religiosas, retome as aulas presenciais e suspenda toda participação em eventos religiosos e digitais.
Miguel viralizou ao aparecer em cultos da Assembleia de Deus Avivamento Profético realizando “pregações” com tom messiânico. Em um dos vídeos mais polêmicos, ele rasga exames médicos de uma mulher e grita: “Eu rasgo o câncer, filtro o teu sangue e curo a leucemia” — tudo isso sem qualquer comprovação, apenas sob o aplauso de fiéis e a exposição nas redes sociais.
A mulher presente nesse vídeo, que teve seus exames rasgados diante da multidão, veio a público desmentir qualquer milagre. Em sua fala, ela declarou que não foi curada, que nunca afirmou ter sido, e que aquela foi sua primeira visita à igreja — rebatendo rumores de que fosse uma atriz contratada.
Essa revelação escancara um problema muito mais grave: a manipulação da fé alheia e o uso indevido da imagem de um menor para promover espetáculos de fé que não se sustentam na realidade.
A decisão de proibir Miguel de pregar e de usar redes sociais veio após uma reunião com seus pais, Érica e Marcelo, e o pastor Marcinho Silva — responsável por permitir e divulgar as “atuações proféticas” do garoto. Segundo o Conselho Tutelar, a medida visa preservar o desenvolvimento físico, psicológico e educacional do menor, que estava sendo exposto a uma realidade que ele sequer tem maturidade para compreender plenamente.
Além disso, o caso agora é investigado pelo Ministério Público de São Paulo (MP-SP), que apura possíveis irregularidades e exploração infantil.
A situação levanta uma discussão urgente: até que ponto igrejas e líderes religiosos estão dispostos a ir para alimentar a própria popularidade e lucro? Utilizar um adolescente para declarar curas milagrosas, sem respaldo médico ou responsabilidade ética, beira a charlatanismo — e coloca em risco tanto a saúde pública quanto a credibilidade de instituições religiosas sérias.
O caso de Miguel Oliveira deve servir de exemplo para que autoridades ajam contra a exploração da fé como espetáculo, especialmente quando envolve menores de idade. O silêncio das lideranças que o promoveram agora é ensurdecedor — e igualmente cúmplice.