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Nós não vamos para o fim do mundo, nós já vivemos o fim do mundo

Pai matando filho. Filho matando pai. Jovens entregues às drogas, meninas recrutadas para a prostituição como se fosse parte natural da adolescência. Homens que se dizem pastores de Deus usam o púlpito não para pregar amor, mas para disseminar ódio, intolerância e preconceito. Não, o fim do mundo não está chegando. O fim do mundo já começou — e ele acontece todos os dias, diante dos nossos olhos.

03/05/2025 às 21h46
Por: Rede Geração
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Nós não vamos para o fim do mundo, nós já vivemos o fim do mundo

Vivemos uma época marcada por uma crise profunda — não apenas econômica, política ou ambiental, mas uma crise moral e espiritual sem precedentes. Os noticiários, cada vez mais semelhantes a filmes de terror, estampam manchetes diárias de tragédias que parecem inimagináveis: estupros cometidos dentro da própria família, crianças abandonadas, feminicídios, crimes bárbaros, corrupção institucionalizada.

Nas periferias, o tráfico de drogas avança onde o Estado falha. Jovens sem perspectivas são cooptados por organizações criminosas antes mesmo de completarem 15 anos. Em contrapartida, nas áreas mais ricas, a alienação e o individualismo criam outra forma de vazio — um vazio emocional disfarçado de luxo e aparências.

A religião, que por séculos ofereceu abrigo espiritual, também se tornou palco de distorções. Falsos profetas lucram em nome de Deus, vendem bênçãos, espalham ódio contra minorias, alimentam teorias da conspiração e politizam a fé. Usam o nome sagrado para justificar preconceito, violência e exclusão. Muitos desses líderes jamais leram o Evangelho com o coração — porque se tivessem lido, entenderiam que Jesus andava com os pobres, acolhia as prostitutas e lavava os pés dos humildes.

É preciso perguntar: em que momento perdemos o senso de humanidade?

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A banalização do mal se tornou uma epidemia invisível. E, ao contrário do que se espera do "fim do mundo", não há explosões ou tsunamis — há silêncio. Um silêncio cúmplice, que naturaliza a morte, a dor e a injustiça como parte da rotina.

Mas o colapso não é definitivo. Ainda existem vozes que resistem. Ainda existem educadores, mães, ativistas, artistas, religiosos sinceros, jornalistas e cidadãos anônimos que tentam, todos os dias, reconstruir a dignidade humana com pequenos gestos. Gente que acredita que a empatia não é fraqueza, mas força. Que amar é, sim, um ato revolucionário.

Essa reportagem não é uma sentença, é um alerta. Ainda podemos — e devemos — reagir. Mas para isso, é necessário coragem. Coragem para encarar a realidade de frente, para denunciar o falso em nome do verdadeiro, para estender a mão em vez de apontar o dedo.

Porque, se o fim do mundo já começou, só a consciência pode salvar o que resta de nós.

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