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O primeiro personagem abertamente gay da história da Disney

A Bela e a Fera - LeFou e a Representatividade Gay na Disney: Avanço Real ou Inclusão Cosmética?

04/05/2025 às 18h40 Atualizada em 04/05/2025 às 23h53
Por: Rede Geração
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Foto:broadway.com
Foto:broadway.com

Em 2017, a Disney anunciou com entusiasmo que seu remake live-action de A Bela e a Fera teria o primeiro personagem abertamente gay de sua história: LeFou, interpretado por Josh Gad. A notícia gerou expectativa e também polêmica. Afinal, tratava-se de um passo importante para uma empresa global com alcance massivo junto ao público infantil e familiar. Mas quando o filme finalmente chegou aos cinemas, a decepção foi inevitável para muitos: a tão falada representatividade se resumiu a uma única cena breve de dança entre LeFou e outro homem, sem diálogos, sem contexto, e sem qualquer peso narrativo.

A expectativa criada x a entrega real

Durante a divulgação do filme, o diretor Bill Condon havia prometido um "momento exclusivamente gay" que marcaria um "ponto de virada" na representatividade LGBTQIA+ nas animações e filmes familiares. A declaração causou agitação na mídia e até protestos em países mais conservadores. No entanto, ao ver o filme, a maioria dos espectadores encontrou uma abordagem tímida, quase invisível, do que poderia ter sido um avanço simbólico significativo.

“Foi como se a Disney dissesse ‘olha, estamos fazendo algo’, mas sem realmente fazer”, comenta a pesquisadora de mídia e gênero Carla Fernandes. “Eles criaram alarde em cima de uma inclusão que mal é perceptível. É uma estratégia de marketing, não de representatividade real.”

Estereótipos ainda persistem

Outro ponto controverso foi a própria escolha de LeFou como veículo dessa representatividade. No filme original de 1991, LeFou já era um personagem cômico, submisso e obcecado por Gaston — características que, décadas depois, foram mantidas, ainda que com nuances mais humanas na versão de Josh Gad. No entanto, sua identidade gay é conectada a essa mesma caricatura de homem efeminado, patético e exagerado, o que muitos consideram uma repetição de estereótipos prejudiciais.

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“O problema não é ele ser gay. O problema é ele ser o bobo da corte, o escada do vilão, o que nunca é levado a sério. Isso reforça a ideia de que personagens queer não são dignos de profundidade”, afirma o crítico cultural Diego Mendonça.

Inclusão sem riscos

A decisão da Disney de limitar o “momento gay” a poucos segundos e sem impacto na trama principal é vista por muitos como um exemplo clássico de "inclusão segura": uma tentativa de agradar ao público progressista sem perder o mercado conservador. A cena é tão rápida que pôde ser facilmente cortada em países onde a homossexualidade ainda é tabu, o que de fato aconteceu em algumas versões internacionais.

Essa prática — conhecida como "rainbow capitalism" ou "representatividade tokenizada" — tem sido cada vez mais criticada: empresas se dizem aliadas da causa LGBTQIA+ quando é conveniente, mas recuam diante de qualquer risco real ou pressão política.

Avanço simbólico ou oportunidade perdida?

Ainda que se possa considerar a inclusão de LeFou como um pequeno marco histórico na Disney, o gesto acabou tendo mais valor simbólico do que real. O personagem não tem um arco amoroso, não fala sobre sua sexualidade e não tem impacto na história além do alívio cômico. A expectativa por um personagem queer complexo, tridimensional e com relevância na trama continua sendo adiada.

LeFou pode ter sido o “primeiro personagem gay da Disney”, mas sua breve aparição como tal revela mais sobre os limites da empresa do que sobre seu compromisso com a diversidade. O gesto foi, no máximo, um passo tímido em uma longa estrada que ainda precisa ser percorrida com mais coragem, consistência e autenticidade.

Porque, no fim das contas, não basta dançar por dois segundos. Representatividade real exige dançar a história inteira.

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Mikomi Sugawara
Sobre o blog/coluna
Brasileira, mestiça de japonês, italianos e espanhóis em busca da luta contra o preconceito. Cresci ouvindo: "Que absurdo! Japonês gay!" Contei isso para minha irmã, 14 anos mais velha que mora no Japão há mais de 35 anos e ela disse: "Realmente, um absurdo um pensamento desse, aqui é o que mais tem é gay. O Japão é a junção do tradicional e o moderno. Aqui não tem preconceito. Heteros usam rosa, saem nas ruas de pijama, andam de bicicleta com cestinha, que no Brasil seria um absurdo! É por isso que Japão é Japão!", afirmou ela.

Assim como na Grécia, os homens eram iniciado para a guerra e sexo pelos seus treinadores, os Samurais japoneses também. Gays não são invenção da atualidade, mas a homofobia sim!


Mikomi Sugawara

Jornalistae professora universitária, abusada dentro de emissora de televisão aos 16 anos por um segurança. Produtor de novela me ofereceu trabalho por sexo, durante uma gravação e se masturbou na minha frente dentro do camarim, pouco antes de eu completar 17 anos.

Escondi da minha mãe por 19 anos por vergonha. Meu pai só ficou sabendo depois que fui diagnostica com crise de pânico. E pior, nem pude lutar contra. Fui informada pela delegada que o crime já tinha prescrito. Não imaginava que esse tipo de crime tinha validade, afinal, muitos escondem por anos devido a medo e vergonha.

Ameaçada de morte dentro de redações por jornalistas por ser gay. Vi casos de racimo, gordofobia onde jamais deveria ter, na comunicação, considerada como o quarto poder.

Não sou ativista, mas não aceito crimes e impunidade, e vou lutar contra, como uma verdadeira Samuraia!
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