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Entre Espadas e Olhares: O amor lésbico entre Raya e Namaari Raya e o Último Dragão da Disney

A relação entre Raya e sua rival Namaari tem uma tensão emocional intensa, e muitos fãs interpretam a dinâmica como uma possível atração romântica não expressa diretamente. A roteirista Adele Lim disse que essas leituras são “válidas”.

04/05/2025 às 19h44 Atualizada em 04/05/2025 às 23h52
Por: Rede Geração Fonte: leituras “válidas”
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Foto: disney/AdoroCinema
Foto: disney/AdoroCinema

Raya e o Último Dragão (2021), produção da Disney ambientada no universo mágico e culturalmente inspirado do sudeste asiático, foi celebrada por sua qualidade visual, protagonismo feminino e diversidade. Mas além da estética e do enredo de fantasia, outro elemento chamou atenção — especialmente do público LGBTQIA+: a relação tensa, intensa e ambígua entre Raya e sua rival, Namaari.

Ao longo do filme, a dinâmica entre as duas é carregada de emoção: troca de olhares prolongados, mágoas profundas, ressentimentos com fundo afetivo e, por fim, reconciliação dramática. Para muitos fãs, essa narrativa ultrapassa os limites do conflito entre inimigas — e toca em uma intimidade que sugere atração, ou até amor não correspondido.

A tensão que o roteiro não nomeia

Embora nenhuma menção direta à sexualidade das personagens seja feita, a química entre Raya e Namaari gerou uma onda de interpretações e fanarts queer nas redes sociais. E a validação não veio apenas do público: a roteirista Adele Lim afirmou em entrevistas que as leituras queer da relação são “absolutamente válidas”, mesmo que não tenha sido explicitamente escrita dessa forma.

Esse tipo de afirmação, embora bem-intencionada, levanta uma questão crítica: até que ponto a Disney está disposta a abraçar a representatividade queer de forma direta e textual — e não apenas simbólica ou sugerida?

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Símbolo de força ou medo de se comprometer?

A escolha por manter a tensão entre Raya e Namaari no nível da ambiguidade permite uma gama de interpretações — e esse é justamente o problema. Para um estúdio com o alcance da Disney, cuja influência molda gerações de infâncias e imaginários, a constante recusa em mostrar personagens queer de forma clara e afirmada soa menos como liberdade criativa e mais como receio comercial.

A representatividade queer tem sido, na maioria das vezes, tratada pela Disney como um sussurro: LeFou dançando por dois segundos, Elsa sem par romântico, e agora, Raya e Namaari com uma "rivalidade íntima" que muitos veem como um romance mal resolvido — mas que nunca é nomeado como tal.

“A gente se cansa de ler entrelinhas”, diz a ativista e educadora Mariana Silva. “Queremos personagens queer que existam, que se declarem, que amem abertamente. Não mais só códigos visuais e interpretações subjetivas.”

Representatividade simbólica x textual

A diferença entre representatividade simbólica e textual é crucial. Mostrar afeto entre duas mulheres e deixar no ar que "poderia ser mais" pode até parecer um avanço frente ao histórico conservador da Disney. Mas na prática, é um recurso seguro para agradar públicos progressistas sem confrontar abertamente os mercados mais conservadores.

No caso de Raya, essa ambiguidade pode ser lida como estratégica: manter a trama universal e sem “polêmicas” garante aceitação global, especialmente em países onde conteúdos LGBTQIA+ ainda são censurados. Mas isso tem um custo: o apagamento constante da vivência queer como algo legítimo, presente e narrativamente relevante.

Raya e Namaari têm química, conflito e reconciliação — tudo que compõe uma boa história de amor. Mas na Disney, o amor queer ainda precisa vestir a armadura do subtexto. Enquanto a empresa continuar apostando na neutralidade estética em vez de uma representatividade clara e corajosa, continuará também alimentando o debate: é realmente inclusão ou só mais uma forma elegante de evitar se posicionar?

No fim, o dragão pode até voar alto. Mas a verdadeira ousadia seria permitir que duas heroínas se amassem — e que isso fosse dito em voz alta.

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Mikomi Sugawara
Sobre o blog/coluna
Brasileira, mestiça de japonês, italianos e espanhóis em busca da luta contra o preconceito. Cresci ouvindo: "Que absurdo! Japonês gay!" Contei isso para minha irmã, 14 anos mais velha que mora no Japão há mais de 35 anos e ela disse: "Realmente, um absurdo um pensamento desse, aqui é o que mais tem é gay. O Japão é a junção do tradicional e o moderno. Aqui não tem preconceito. Heteros usam rosa, saem nas ruas de pijama, andam de bicicleta com cestinha, que no Brasil seria um absurdo! É por isso que Japão é Japão!", afirmou ela.

Assim como na Grécia, os homens eram iniciado para a guerra e sexo pelos seus treinadores, os Samurais japoneses também. Gays não são invenção da atualidade, mas a homofobia sim!


Mikomi Sugawara

Jornalistae professora universitária, abusada dentro de emissora de televisão aos 16 anos por um segurança. Produtor de novela me ofereceu trabalho por sexo, durante uma gravação e se masturbou na minha frente dentro do camarim, pouco antes de eu completar 17 anos.

Escondi da minha mãe por 19 anos por vergonha. Meu pai só ficou sabendo depois que fui diagnostica com crise de pânico. E pior, nem pude lutar contra. Fui informada pela delegada que o crime já tinha prescrito. Não imaginava que esse tipo de crime tinha validade, afinal, muitos escondem por anos devido a medo e vergonha.

Ameaçada de morte dentro de redações por jornalistas por ser gay. Vi casos de racimo, gordofobia onde jamais deveria ter, na comunicação, considerada como o quarto poder.

Não sou ativista, mas não aceito crimes e impunidade, e vou lutar contra, como uma verdadeira Samuraia!
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