Publicidade

O gay por trás da vitória de Cruella, toda mulher poderosa tem um amigo LGBTQIA+

O personagem Artie, um estilista glamouroso e ousado, é amplamente interpretado como não-binário ou queer, embora o filme não declare isso diretamente. Sua estética e atitude são fortemente inspiradas na cultura drag e andrógina.

04/05/2025 às 19h51 Atualizada em 04/05/2025 às 23h51
Por: Rede Geração
Compartilhe:
Foto: Disney
Foto: Disney

Em Cruella (2021), um dos personagens mais marcantes não é um vilão, nem uma heroína — é Artie, o dono de um brechó ousado e estiloso, interpretado por John McCrea. Com roupas extravagantes, maquiagem marcante, uma atitude confiante e desafiadora, Artie surge como um personagem que imediatamente evoca o universo queer, drag e não-binário. Mas há um detalhe que salta aos olhos de críticos e ativistas: o filme nunca nomeia Artie como tal.

O que é Queer? - Clique aqui e Saiba Mais

Artie é, ao que tudo indica, o primeiro personagem da Disney com uma expressão de gênero abertamente andrógina em um papel significativo. No entanto, a produção evita qualquer menção direta à sua identidade de gênero ou orientação sexual. Em tempos em que o debate sobre visibilidade LGBTQIA+ está em alta, a escolha da Disney por manter Artie no campo da ambiguidade levanta questionamentos importantes sobre o real compromisso da empresa com a diversidade.


Estética queer sem identidade assumida

Com forte influência da estética glam rock dos anos 70 — em especial de artistas como David Bowie e Prince —, Artie é visualmente transgressor. Sua presença no filme quebra com padrões tradicionais de masculinidade e dialoga diretamente com culturas queer urbanas e com o movimento drag, mesmo que isso nunca seja mencionado no roteiro.

Continua após a publicidade
Anúncio

Essa ausência de textualização não passou despercebida. “Ele é queer em todos os aspectos visuais, mas o filme evita dizer isso em voz alta. É como se a Disney dissesse: ‘você pode ver, mas não pode confirmar’”, afirma Júlia Nascimento, pesquisadora de gênero e mídia.


A estratégia da ambiguidade

A presença de personagens LGBTQIA+ nas grandes produções hollywoodianas tem crescido — mas muitas dessas representações ainda ocorrem dentro de uma estratégia conhecida como "inclusão palatável": personagens são projetados para sugerir diversidade sem explicitá-la, evitando reações negativas de audiências mais conservadoras ou censura internacional.

Artie é um exemplo claro dessa lógica. Ele é afetuoso, seguro de si, subverte normas de gênero, mas sua identidade é reduzida a uma performance estilística, nunca a uma vivência subjetiva. Ele não possui um arco próprio, nem conflitos internos — o que reforça seu papel como personagem de apoio, visualmente chamativo, mas narrativamente raso.

Representatividade simbólica ou apagamento?

Para alguns, a presença de Artie já é um avanço, especialmente num filme da Disney. Para outros, é mais uma oportunidade desperdiçada de criar personagens queer complexos e reais, com histórias, afetos e subjetividades — e não apenas com figurinos brilhantes.

“Não queremos só ser referência de moda ou atitude. Queremos existir como pessoas completas nas histórias”, diz Rafael M., artista drag e educador. “Artie poderia ter sido um divisor de águas, mas a Disney ainda tem medo de dizer ‘ele é queer’.”

Artie brilha, encanta e desafia normas — mas seu brilho é parcialmente silenciado por um roteiro que opta pela neutralidade. Enquanto a Disney continuar apostando na estética queer sem dar nome às identidades, estará oferecendo uma representatividade pela metade: vistosa, mas vazia de verdade.

O público já está pronto para mais. A questão é: a Disney está?

* O conteúdo de cada comentário é de responsabilidade de quem realizá-lo. Nos reservamos ao direito de reprovar ou eliminar comentários em desacordo com o propósito do site ou que contenham palavras ofensivas.
500 caracteres restantes.
Comentar
Mostrar mais comentários
Mikomi Sugawara
Sobre o blog/coluna
Brasileira, mestiça de japonês, italianos e espanhóis em busca da luta contra o preconceito. Cresci ouvindo: "Que absurdo! Japonês gay!" Contei isso para minha irmã, 14 anos mais velha que mora no Japão há mais de 35 anos e ela disse: "Realmente, um absurdo um pensamento desse, aqui é o que mais tem é gay. O Japão é a junção do tradicional e o moderno. Aqui não tem preconceito. Heteros usam rosa, saem nas ruas de pijama, andam de bicicleta com cestinha, que no Brasil seria um absurdo! É por isso que Japão é Japão!", afirmou ela.

Assim como na Grécia, os homens eram iniciado para a guerra e sexo pelos seus treinadores, os Samurais japoneses também. Gays não são invenção da atualidade, mas a homofobia sim!


Mikomi Sugawara

Jornalistae professora universitária, abusada dentro de emissora de televisão aos 16 anos por um segurança. Produtor de novela me ofereceu trabalho por sexo, durante uma gravação e se masturbou na minha frente dentro do camarim, pouco antes de eu completar 17 anos.

Escondi da minha mãe por 19 anos por vergonha. Meu pai só ficou sabendo depois que fui diagnostica com crise de pânico. E pior, nem pude lutar contra. Fui informada pela delegada que o crime já tinha prescrito. Não imaginava que esse tipo de crime tinha validade, afinal, muitos escondem por anos devido a medo e vergonha.

Ameaçada de morte dentro de redações por jornalistas por ser gay. Vi casos de racimo, gordofobia onde jamais deveria ter, na comunicação, considerada como o quarto poder.

Não sou ativista, mas não aceito crimes e impunidade, e vou lutar contra, como uma verdadeira Samuraia!
Ver notícias
Publicidade
Economia
Dólar
R$ 5,67 -0,75%
Euro
R$ 6,43 -0,23%
Peso Argentino
R$ 0,00 +0,00%
Bitcoin
R$ 658,822,12 -1,16%
Ibovespa
136,829,86 pts -0.32%