É a Cirqueridum, a Escola de Circo de Maringá, que oferece aulas especialmente voltadas para o público infantil — e vem conquistando corações e colunas vertebrais com postura impecável.
Em uma época em que as crianças estão cada vez mais presas às telas, a vivência corporal, lúdica e coletiva do circo surge como uma poderosa ferramenta de desenvolvimento integral. Mas por que ainda há tanto preconceito e desinformação sobre essa prática?
Para muitos pais, a ideia de matricular os filhos em uma aula de circo soa, à primeira vista, como uma “atividade recreativa” sem muita profundidade. Porém, essa visão ignora o que a ciência da educação, da psicomotricidade e da saúde mental infantil já comprovaram há décadas: o circo é uma escola de habilidades para a vida.
Na Cirqueridum, por exemplo, a criança aprende:
Coordenação motora fina e ampla
Disciplina corporal e emocional
Trabalho em grupo e empatia
Coragem para se desafiar (com segurança)
Respeito pelas diferenças — o corpo gordo, o corpo tímido, o corpo com deficiência… todos cabem na lona.
“Aqui a criança aprende a cair e levantar. Literalmente. Isso já é uma lição de resiliência que nenhuma escola convencional ensina com tanta força”, afirma a prefessora Evelin Coelho.
O mundo contemporâneo cobra de crianças algo que mal dá aos adultos: equilíbrio emocional. E é justamente o que o circo oferece, muitas vezes sem que a criança perceba.
Ao subir no tecido acrobático, ela vence o medo.
Ao ensaiar uma sequência de malabares, ela lida com a frustração de errar — e com a alegria de acertar.
Ao compor uma cena cômica com palhaçaria, ela aprende a rir de si mesma.
Essas vivências são fundamentais para a formação de crianças mais seguras, criativas e saudáveis emocionalmente.
Outro ponto forte das aulas de circo, especialmente na Cirqueridum, é a valorização da diversidade de corpos e comportamentos. Ao contrário de muitos esportes competitivos ou ambientes escolares excludentes, o circo acolhe cada criança como ela é.
“Já tivemos aqui crianças com autismo, TDAH, timidez extrema… e todas encontraram no circo um espaço de pertencimento”, comenta a prefessora Evelin Coelho.
Isso transforma o picadeiro em mais do que um palco de acrobacias: vira um palco de dignidade infantil.
Em tempos de excesso de telas, medicalização infantil e ansiedade precoce, talvez devêssemos olhar para o alto — onde o trapézio balança — e repensar o que é realmente importante na formação de uma criança.
A Cirqueridum, em Maringá, prova que o circo não é apenas um espetáculo para o público. É um espetáculo de crescimento interior para quem o pratica. É tempo de valorizar isso.
Porque toda criança merece voar. E o circo ensina, com poesia e técnica, que voar é possível — mesmo com os pés no chão.