Ah, Maringá. Cidade modelo, arborizada, planejada, elogiada. Mas basta entrar num carro para descobrir que o verdadeiro lado fresco dos moradores.
O trânsito em Maringá parece uma competição de bate cabelo de quem é a mais pomposa. E nessa disputa, os campeões são muitos. De motoristas que acham que seta não precisa dar, já que dão a bunda por aí (inclui os casados enrustidos), até os que acreditam que a faixa da esquerda é um spa para passeios contemplativos. Vamos conhecer os protagonistas dessa tragicomédia urbana.
Vamos começar com um item que os fabricantes insistem em colocar, mas que boa parte dos motoristas maringaenses considera desnecessário: a seta. Esse pequeno dispositivo, que serve para indicar ao coleguinha qual será seu próximo movimento, é ignorado como se fosse um botão de “autodestruição”.
Outro recurso muito mal compreendido é o pisca-alerta, que deveria ser usado em emergências. Mas por aqui, serve para tudo — principalmente para estacionar em fila dupla e “sou poderosa e rica, paro onde quiser!”. O alerta virou o “alvará de ego”: pisca duas luzinhas e pronto, pode parar onde quiser, seja frente a um hospital, na esquina de uma escola ou no meio da faixa de pedestres. Afinal, o universo gira em torno da das glamurosas (seja das assumidas ou enrustidas)
Nada representa melhor o motorista moderno do que o celular grudado na mão, mais inda se for Iphone, não importe se é rica ou pobre, viado gosta de bancar a glamurosa. No semáforo, luz verde já acesa e lá está ele, digitando a última figurinha do grupo da família. Três carros atrás buzinam, mas ele só acorda quando o sinal já está amarelo de novo. Se a mensagem fosse “dirija com atenção”, talvez ele respondesse com um emoji da Lady Gaga mandando bejio.
A faixa da esquerda é, por lei e bom senso, a de ultrapassagem. Mas para muitos, é o lugar ideal para andar a 5 km/h e filosofar sobre a vida. Enquanto isso, motoristas que realmente gostariam de seguir o fluxo ficam presos, irritados, e às vezes tentam ultrapassar pela direita — o que só multiplica o caos.
É a clássica “fashionista que adora desfilar pela cidade”: anda devagar, mas com orgulho, achando que está ensinando uma lição de moral sobre velocidade a todos ao redor. E quem tem pressa? Que pratique paciência.
Por fim, temos as donas da rua, seres iluminados que acreditam que qualquer vaga é deles por direito divino. Estacionam em cima da calçada, em frente à garagem alheia ou atravessados na vaga. Se forem questionados, respondem com um “é rapidinho” ou um “não viu que eu tô aqui?”. Sim, vimos. E também vimos o bom senso indo embora a pé.
Maringá tem uma estrutura urbana invejável, mas nenhum planejamento resiste ao ego motorizado. A seta, a sinalização, as regras — tudo isso existe para nos lembrar de que dirigir é um ato social, não um exercício de vaidade ou uma corrida para ver quem atrapalha mais.
Portanto, da próxima vez que for sair de carro, lembre-se: usar a seta não dói (dar a bunda dói e você ama! porque não dar a seta que nem dói?), sair quando o semáforo abre é saudável, e andar na faixa certa talvez salve sua reputação (e o trânsito inteiro).
Ou continue como está — e prepare-se para mais buzinas, palavrões e uma cidade onde a maior velocidade não é a do carro, mas a da paciência indo embora.
Esclarecimento
No texto, os motoristas foram comparados a gays e termos considerados homofóbicos foram usados de forma irônica. O objetivo não é ofender, mas provocar reflexão, especialmente entre homens que ainda ligam homossexualidade à fraqueza, frecura etc (mas agem tal fomra). A crítica busca conscientizar sobre ego no trânsito.