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Em Astorga, alunos sem capacete em curso do projeto Cuida Paraná: erro em licitação coloca vidas em risco

Em cidades do interior do Paraná como Maringá, Floriano, Ivatuba, Mandaguari e Astorga, alunos do projeto Cuida Paraná — uma iniciativa da Secretaria da Justiça e Cidadania do Estado (Seju) voltada à qualificação profissional com foco em Direitos Humanos — participaram de aulas práticas de construção civil sem Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) obrigatórios, como capacetes.

01/06/2025 às 04h07 Atualizada em 01/06/2025 às 04h13
Por: Rede Geração
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Em Astorga, alunos sem capacete em curso do projeto Cuida Paraná: erro em licitação coloca vidas em risco

O projeto, que visa capacitar pessoas em situação de vulnerabilidade social, conta com o SENAI como parceiro técnico para ministrar as aulas. Entretanto, a ausência de capacetes durante atividades em altura ou com risco de impacto levanta sérias questões sobre a responsabilidade e a segurança dos participantes.

Caso foi denunciado no Ministério Publicodo Paraná

Erro de licitação? Falha evitável

Segundo relatos de alunos e profissionais envolvidos no projeto, a ausência de capacetes se deu por um erro na licitação conduzida pela Seju, que não contemplou o item obrigatório, mesmo sendo um dos EPIs mais básicos e exigidos por normas de segurança. A situação chamou ainda mais atenção porque, dias antes da chegada dos EPIs, a responsável pelo curso, Roberta Justus, teria comentado aos alunos sobre a beleza dos capacetes que seriam entregues — o que indica que o fornecimento estava previsto e a falha foi detectada somente na entrega do material.

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“Foi dito para nós que tinha capacete, que era lindo, mas na hora da entrega, simplesmente não veio. Disseram que foi erro da licitação", relata um dos alunos.

SENAI improvisa, mas não resolve a falha institucional

Após receber denúncia sobre a exposição ao risco dos alunos, o SENAI local teria buscado uma solução de emergência: recolheu capacetes disponíveis na sede em Maringá e os levou para os estudantes. No entanto, é importante destacar que a responsabilidade pela compra e entrega dos EPIs é da Secretaria da Justiça e Cidadania, já que o SENAI atua apenas como prestador de serviço para as aulas técnicas.

Nossa equipe de jornalismo tentou contato com a assessoria de imprensa do SENAI Paraná, mas a página oficial destinada à imprensa estava fora do ar no momento da apuração. O SENAI nacional também não respondeu aos questionamentos dentro do prazo estipulado.

Riscos reais: capacete é item vital, mesmo em alturas baixas

Segundo especialistas em segurança do trabalho, o capacete é essencial mesmo em alturas inferiores a dois metros, pois protege contra impactos com estruturas, quedas de materiais e escorregões que podem causar traumatismo craniano ou morte.

A ausência de EPIs configura grave falha de responsabilidade institucional — ainda mais grave por envolver um projeto público de formação humana e cidadã. Ao ensinar normas de segurança e ao mesmo tempo permitir atividades práticas sem a aplicação delas, o programa incorre em uma contradição pedagógica e ética inaceitável.

Responsabilidade legal e institucional

Embora os alunos não tenham vínculo empregatício com o Estado ou com o SENAI, especialistas apontam que a Secretaria da Justiça pode ser responsabilizada civil e penalmente por expor cidadãos à riscos evitáveis, inclusive com base no artigo 132 do Código Penal (expor a vida ou saúde de outrem a perigo direto e iminente), além de possíveis ações por dano moral coletivo.

“Não há desculpa aceitável. Um erro de licitação não pode se sobrepor à proteção da vida”, afirma um especialista em segurança ocupacional consultado pela nossa equipe.

Transparência e prevenção: o mínimo esperado

A ausência de EPIs, a tentativa de correção improvisada e a falta de respostas oficiais até o fechamento desta edição apontam para uma crise de gestão, fiscalização e responsabilidade institucional. Programas públicos que visam cuidar da população mais vulnerável não podem cometer falhas que colocam essas mesmas vidas em risco.

Mais do que capacitar tecnicamente, o projeto Cuida Paraná deveria ser referência em formação ética, cidadã e segura. Espera-se que a Seju esclareça o ocorrido, responsabilize os envolvidos na falha da licitação e garanta que situações como esta não se repitam em nenhuma das cidades atendidas.

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