Nos últimos anos, tem crescido no Brasil a prática de alguns pastores e líderes religiosos que afirmam, publicamente, ser capazes de realizar milagres por suas próprias mãos. Essa postura, além de gerar controvérsia entre fiéis e teólogos, levanta sérias questões sobre o respeito à doutrina cristã e à essência da fé.
A crença cristã, fundamentada na Bíblia, é clara: milagres são atos exclusivos de Deus, manifestados por Sua vontade e poder soberano. Ao proclamarem que fazem milagres, esses pastores extrapolam o papel de intermediários espirituais, assumindo uma posição que beira a blasfêmia, pois se igualam ao Criador. Tal atitude contraria princípios fundamentais da fé cristã, que pregam humildade e reconhecimento da supremacia divina.
Além do aspecto teológico, a autoproclamação como realizadores de milagres pode induzir seguidores a interpretações erradas e até a dependência emocional e financeira, quando esses líderes utilizam o discurso para angariar dinheiro e poder. Essa mistura de poder religioso com interesses pessoais coloca em risco a integridade da fé e a confiança das comunidades religiosas.
Especialistas em religião alertam que o verdadeiro milagre é um dom de Deus, que pode agir por meio de pessoas, sim, mas nunca para que elas se tornem protagonistas desse poder. É essencial que os fiéis mantenham uma postura crítica e informada, para não confundir fé genuína com manipulação ou vaidade humana.
Assim, a responsabilidade recai sobre as lideranças religiosas para que não confundam sua missão e não coloquem sua autoridade acima da mensagem central do cristianismo: Deus é o único Senhor do impossível, e somente Ele tem o poder de realizar milagres. A verdadeira espiritualidade passa pelo reconhecimento desse princípio e pela humildade diante do sagrado.