Publicidade

Acusação de crime, erros de servidora e coação dos denunciantes podem afetar a construção da pré-candidatura à presidência do governador do Estado do Paraná Ratinho Junior

Crises em programas sociais abalam imagem que está sendo preparada para as eleições presidenciais de 2026

05/07/2025 às 02h30 Atualizada em 05/07/2025 às 02h57
Por: Opinião, crítica e análise
Compartilhe:

À medida que se aproxima o calendário eleitoral de 2026, o governador do Paraná, Ratinho Junior (PSD), vem intensificando sua articulação política nacional, buscando se posicionar como uma figura de centro-direita "gestora e moderna", capaz de unir setores conservadores e empresariais. No entanto, denúncias graves envolvendo o programa Cuida Paraná, conduzido sob sua gestão, ameaçam corroer a narrativa de eficiência administrativa que sustenta seu projeto presidencial.

O Cuida Paraná, apresentado como uma iniciativa de inclusão e capacitação para pessoas em situação de vulnerabilidade, vem sendo alvo de acusações sérias que incluem: gordofobia por parte da servidora responsável Roberta Justus, ausência de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) nos cursos profissionalizantes e reuniões coercitivas promovidas pelo SENAI em reação às denúncias. As ações intimidatórias, com tentativa de inversão da culpa sobre os denunciantes, já foram formalmente levadas ao conhecimento de diversos órgãos de controle, incluindo o Ministério Público Estadual, o Ministério Público do Trabalho, o Tribunal de Contas do Estado, a Controladoria-Geral do Estado e o Ministério dos Direitos Humanos.

Embora Ratinho Junior ainda não tenha sido citado diretamente nas denúncias, os órgãos e estruturas envolvidas — como a Secretaria da Justiça e Cidadania, diretamente subordinada ao seu governo — estão no centro das acusações. Em momentos de pré-campanha, mesmo fatos administrativos aparentemente distantes da figura do governador passam a integrar o campo de disputa simbólica, especialmente em um cenário eleitoral onde a imagem pública é um ativo tão importante quanto as alianças partidárias.

A gestão de um programa que falha em oferecer itens básicos de segurança — como capacetes e uniformes adequados — enquanto perpetua práticas discriminatórias contra pessoas gordas, mina o discurso de responsabilidade social e eficiência administrativa. Ao invés de um case de sucesso, o Cuida Paraná pode se transformar em um emblema de omissão, desorganização e despreparo institucional.

Continua após a publicidade
Anúncio

O efeito político pode ser ampliado caso os órgãos de controle emitam pareceres desfavoráveis, ou se as denúncias ganharem repercussão nacional. A percepção pública sobre a tolerância a violências institucionais e o uso de coação contra denunciantes pode gerar desgaste irreversível para a imagem de um gestor que se pretende presidenciável.

Mais do que prejuízo eleitoral direto, o caso ameaça um dos pilares da construção de Ratinho Junior como candidato viável: a ideia de que ele entregaria resultados sociais com inovação e eficiência. Se o Cuida Paraná for percebido como exemplo de má gestão e violação de direitos, o discurso se desmancha.

Continua após a publicidade
Anúncio

Diante disso, o silêncio do Palácio Iguaçu — sede do governo estadual — soa menos como prudência e mais como cumplicidade institucional. Quanto mais se adia uma resposta clara, mais se consolida a percepção de que o governo tolera, minimiza ou até encobre abusos.

A pré-candidatura de Ratinho Junior à presidência não depende apenas de articulações partidárias. Ela se constrói — e pode ruir — na forma como responde a denúncias como estas. O eleitorado nacional, especialmente em tempos de maior atenção à justiça social e à proteção de minorias, observa. E cobra.

Na Rede Geração, praticamos um tipo de jornalismo que vai além da simples transmissão de fatos. Nosso compromisso é com o jornalismo opinativo, crítico e analítico — uma abordagem que interpreta, contextualiza e posiciona os acontecimentos dentro de um olhar social, político e ético.

Diferente do jornalismo tradicional de viés “neutro”, essa prática não se limita a “ouvir os dois lados” como única obrigação. Isso porque nem todo conflito é equilibrado, nem toda fonte tem o mesmo peso, e nem toda versão dos fatos é legítima. O jornalismo opinativo não é imparcial — ele é responsável.

Jornalismo opinativo assume uma posição diante dos fatos. Não se omite. Não normaliza injustiças. Ele denuncia, aponta caminhos e reconhece o lugar político de onde fala. A opinião é um instrumento de leitura crítica do mundo.

Jornalismo crítico questiona estruturas de poder, revela contradições, analisa contextos históricos e sociais. Ele não reproduz a fala oficial sem checar o que está por trás. Criticar é parte essencial da democracia.

Jornalismo analítico vai além da manchete: explica causas, consequências, interesses envolvidos e omissões convenientes. Ele conecta os pontos e revela o que os discursos oficiais tentam esconder.

Por isso, esse tipo de jornalismo não precisa — e muitas vezes não deve — “ouvir todas as partes” para ser legítimo. Quando há flagrante de violência, quando há documentos, vídeos, depoimentos públicos ou silêncio institucional, o que se exige é responsabilidade, não simetria artificial. Dar “voz ao outro lado” não pode significar ceder espaço para desinformação, racismo, homofobia, machismo, gordofobia, abuso de autoridade etc.

Na Rede Geração, entendemos que o jornalismo é uma ferramenta de transformação. E transformação exige posicionamento.

Nosso conteúdo é opinativo porque temos lado: o lado da justiça.
É crítico porque não aceitamos verdades prontas.
É analítico porque sabemos que o jornalismo não deve apenas contar o que aconteceu, mas explicar por que aconteceu — e para quem interessa.

* O conteúdo de cada comentário é de responsabilidade de quem realizá-lo. Nos reservamos ao direito de reprovar ou eliminar comentários em desacordo com o propósito do site ou que contenham palavras ofensivas.
500 caracteres restantes.
Comentar
Mostrar mais comentários
Curitiba - PR
Sobre o município
Curitiba é a capital do Paraná e uma das cidades mais organizadas e sustentáveis do Brasil. Fundada em 1693, destaca-se pelo transporte público eficiente e planejamento urbano inovador. É conhecida como "cidade modelo" e abriga importantes parques, como o Jardim Botânico. Possui forte influência da imigração europeia, especialmente alemã, italiana e polonesa. Curiosamente, tem um dos invernos mais frios entre as capitais brasileiras.
Ver notícias
Publicidade
Economia
Dólar
R$ 5,56 +0,00%
Euro
R$ 6,50 +0,00%
Peso Argentino
R$ 0,00 +2,44%
Bitcoin
R$ 700,259,81 +0,72%
Ibovespa
136,187,31 pts -0.41%
Publicidade
Publicidade