A antiga gestão de Maringá, famosa por seu foco no turismo e na valorização de áreas mais elitizadas da cidade, construiu uma imagem de "cidade modelo", colocando o centro urbano e os pontos turísticos em destaque. Enquanto o marketing político focava em colocar Maringá como uma das melhores cidades do Brasil para se viver, a realidade era bem diferente para muitos moradores, especialmente aqueles que vivem nos bairros mais afastados e nas periferias da cidade. O que parecia ser um sucesso de promoção se revelou, na prática, um efeito colateral de crescimento desordenado e problemas sociais, levando a cidade a repetir o que aconteceu com São Paulo: um crescimento acelerado, sem a devida infraestrutura, causando aumento de pobreza, criminalidade e marginalização.
O Brilho do Centro e o Abandono dos Bairros
Durante os últimos anos, Maringá se tornou conhecida por seus esforços em embelezar o centro da cidade. Praça de alimentação sofisticada, ruas arborizadas, iluminação moderna e atrações turísticas foram foco das ações da administração anterior. As reformas e investimentos no setor central da cidade criaram um cenário encantador para turistas e para a elite maringaense, que viu um aumento nas opções de lazer e consumo.
No entanto, a promessa de uma cidade próspera para todos ficou longe de ser cumprida, especialmente para os moradores dos bairros mais afastados, que viram as políticas públicas focadas apenas em áreas mais comerciais e turísticas. Esses locais, longe dos holofotes da mídia e da administração municipal, continuaram a sofrer com a falta de infraestrutura, como esgoto a céu aberto, ruas esburacadas e falta de segurança. A promessa de melhorias gerais para toda a cidade parecia não ter se concretizado, deixando uma grande parte da população maringaense à margem do desenvolvimento.
O Marketing Populista e o "Efeito São Paulo"
Maringá foi vendida como a "melhor cidade do Brasil para se viver". O marketing populista que alardeava esse título, promovendo a cidade como um modelo de qualidade de vida, trouxe um efeito inesperado: a cidade, que não estava preparada para receber um grande número de imigrantes e investimentos desordenados, começou a vivenciar uma expansão acelerada. O movimento que seria positivo para o crescimento da cidade, na prática, trouxe um descontrole populacional, que reflete diretamente na realidade de pobreza, criminalidade e falta de moradia.
Esse fenômeno é conhecido como o "efeito São Paulo", um processo em que cidades, ao se tornarem centros de destaque e atração de novos moradores, enfrentam um crescimento populacional rápido e sem planejamento. A comparação com a capital paulista não é à toa: São Paulo, por décadas, foi um ícone do progresso econômico do Brasil, mas acabou sendo vítima de seu próprio sucesso. O aumento da população gerou uma expansão descontrolada, sem estrutura adequada, o que resultou em um aumento da desigualdade social, de crimes e de moradores de rua.
Em Maringá, a realidade não foi diferente. O marketing positivo fez a cidade crescer, mas sem a infraestrutura e os serviços públicos necessários para acolher essa nova população. Muitos desses recém-chegados não tinham acesso a oportunidades de emprego ou moradia adequadas, o que fez com que se tornassem parte da margem da sociedade, enfrentando a exclusão e a pobreza.
A Crise da Moradia e o Aumento da Criminalidade
Com o aumento da população e a falta de planejamento adequado, Maringá passou a enfrentar uma crise de moradia. Muitos novos moradores, atraídos pelo marketing de uma cidade perfeita, acabaram se estabelecendo em condições precárias. As favelas e ocupações irregulares começaram a surgir nas periferias e até em áreas centrais, aumentando o número de pessoas em situação de rua e sem acesso a serviços essenciais.
Além disso, o crescimento desordenado também resultou no aumento de crimes e na sensação de insegurança. O aumento da população nas ruas, sem o devido suporte social, gerou um aumento significativo na criminalidade, com o tráfico de drogas e pequenos furtos se tornando uma preocupação crescente para os moradores.
A consequência direta desse "efeito São Paulo" é que muitas áreas da cidade se tornaram inseguros, e a realidade de muitos moradores ficou cada vez mais distante daquela mostrada nas propagandas de uma cidade próspera. O desejo de crescimento, sem os devidos cuidados, transformou Maringá em um reflexo daquilo que as políticas populistas não consideram: o impacto de um crescimento sem estrutura.
A Lições para o Futuro: Crescimento Planejado e Inclusivo
O que aconteceu com Maringá é um exemplo claro de como a promoção de uma cidade como idealizada pode ser um risco se não houver o devido planejamento para absorver esse crescimento. Ao focar no turismo e em um modelo que atende principalmente à elite, a antiga gestão da cidade não percebeu as consequências de um crescimento desenfreado sem considerar as necessidades das periferias e das populações em situação de vulnerabilidade.
Para que Maringá possa evitar a repetição dos erros de cidades como São Paulo, é necessário que o desenvolvimento seja pensado de forma mais inclusiva. O planejamento urbano deve ser amplo, considerando todas as regiões da cidade e focando, sobretudo, na melhoria das condições de vida nas áreas periféricas, garantindo acesso à saúde, educação e moradia de qualidade para todos.
Além disso, é fundamental que a cidade priorize a segurança e o combate à violência de maneira integrada, sem se prender à imagem de perfeição vendida em campanhas publicitárias. Maringá precisa entender que, para ser realmente a "melhor cidade para se viver", todos os seus habitantes – e não apenas a elite ou as áreas turísticas – precisam ser priorizados. O crescimento deve ser equilibrado, para que todos possam desfrutar de uma cidade mais justa, segura e próspera.
Nova Gestão de Maringá Inicia Mudanças nos Bairros e Reforça Arborização da Cidade
A nova gestão de Maringá, que já teve experiência administrativa na cidade, começou a implementar mudanças significativas nos bairros da cidade nas primeiras semanas de mandato. Focada principalmente na arquitetura e urbanismo, a administração tem se dedicado a melhorias que antes eram negligenciadas.
Ruas que nunca haviam recebido pintura agora estão sendo sinalizadas, trazendo mais organização e segurança para os moradores. Além disso, as árvores que caíram devido a condições climáticas já foram retiradas, uma ação importante, já que a arborização da cidade enfrenta desafios consideráveis.
Maringá, que se orgulha de ser a cidade mais arborizada do país, tem enfrentado problemas com árvores velhas e ocas, o que torna a cidade vulnerável a quedas durante chuvas fortes. A nova gestão reconhece que esse é um dos maiores desafios para a cidade e tem se empenhado para garantir a segurança e a manutenção das árvores, além de promover o plantio de novas espécies. A cidade começa, assim, a se reerguer com mais cuidado e planejamento nas áreas mais esquecidas, com um olhar renovado para a qualidade de vida de todos os seus habitantes.