Nos últimos anos, as abordagens para a prevenção do HIV (vírus da imunodeficiência humana) evoluíram significativamente. Hoje, duas estratégias se destacam como importantes aliadas na luta contra a propagação do HIV: a PrEP (Profilaxia Pré-Exposição) e a PEP (Profilaxia Pós-Exposição). Ambas são formas de medicação preventiva, mas atuam em momentos diferentes do ciclo de exposição ao vírus. A seguir, vamos entender como essas estratégias funcionam e como têm ajudado milhões de pessoas ao redor do mundo.
A PrEP é uma estratégia de prevenção ao HIV para pessoas que ainda não foram infectadas, mas que apresentam um risco elevado de se expor ao vírus. Trata-se do uso de um medicamento antirretroviral (em geral, a combinação de dois medicamentos: tenofovir e emtricitabina), que, quando tomado corretamente, reduz consideravelmente a chance de infecção pelo HIV.
O objetivo da PrEP é oferecer uma camada extra de proteção para pessoas que possam estar em risco de contrair o HIV devido a comportamentos como relações sexuais desprotegidas com parceiros soropositivos ou com múltiplos parceiros. Além disso, pode ser indicada para pessoas que compartilham seringas e agulhas, como usuários de drogas injetáveis.
A PrEP é tomada de forma diária ou conforme a orientação médica, antes da exposição ao HIV, e, quando utilizada corretamente, pode reduzir o risco de infecção por até 99%. Estudos têm mostrado que a eficácia da PrEP é muito alta, especialmente quando combinada com outras práticas de prevenção, como o uso de preservativos.
A PEP, por sua vez, é uma estratégia de prevenção ao HIV que deve ser iniciada após uma possível exposição ao vírus. Em outras palavras, a PEP é usada em casos de emergência. Ela consiste no uso de medicamentos antirretrovirais (geralmente a combinação de três medicamentos) dentro de 72 horas após uma possível exposição ao HIV, como, por exemplo, após uma relação sexual sem preservativo com uma pessoa que seja HIV positiva ou após a partilha de agulhas com alguém infectado.
A PEP deve ser tomada por um período de 28 dias e tem como principal objetivo evitar que o HIV se estabeleça no corpo da pessoa após a exposição. A eficácia da PEP depende de sua utilização rápida e correta — quanto mais tempo se passa após a exposição, menores as chances de sucesso do tratamento. Para ser eficaz, a PEP precisa ser iniciada o mais rápido possível após a exposição.
A principal diferença entre a PrEP e a PEP está no momento em que cada uma é utilizada:
Ambas as estratégias são extremamente eficazes quando usadas corretamente, mas, como a PEP deve ser administrada em um curto período de tempo após a exposição ao HIV, sua janela de eficácia é limitada, enquanto a PrEP oferece proteção contínua durante o uso.
Ambas as estratégias têm mostrado resultados positivos em vários estudos clínicos:
PrEP: Quando usada corretamente, a PrEP pode reduzir o risco de infecção por HIV em até 99% em pessoas que se expõem ao HIV por meio de relações sexuais. É importante ressaltar que, para obter essa eficácia máxima, o uso diário do medicamento deve ser rigoroso.
PEP: A PEP é eficaz em cerca de 80% dos casos, desde que seja iniciada dentro de 72 horas após a exposição ao HIV. A rapidez na administração do tratamento é crucial para o sucesso da PEP.
PrEP é indicada para pessoas que têm um risco elevado de contrair o HIV. Isso inclui:
Já a PEP é indicada para pessoas que tiveram uma exposição recente ao HIV e estão dentro da janela de 72 horas. Casos típicos de exposição incluem:
No Brasil, tanto a PrEP quanto a PEP estão disponíveis de forma gratuita pelo SUS (Sistema Único de Saúde). Para a PrEP, a pessoa deve procurar um serviço de saúde para avaliação, e, se considerada de risco, poderá iniciar o tratamento. Já a PEP, em caso de exposição ao HIV, deve ser iniciada o mais rapidamente possível em unidades de saúde, hospitais ou postos de saúde, que dispõem do medicamento.
Apesar da eficácia comprovada, o uso da PrEP e da PEP ainda enfrenta desafios, como o acesso limitado em algumas regiões e a falta de informação sobre os tratamentos. Além disso, muitas pessoas podem ter dificuldades em seguir o regime de medicação corretamente, o que pode diminuir a eficácia das estratégias de prevenção.
Outro ponto importante é que nem a PrEP nem a PEP substituem o uso de preservativos, que continuam sendo uma das maneiras mais eficazes de prevenir não só o HIV, mas também outras doenças sexualmente transmissíveis (DSTs). Ambas as opções devem ser vistas como ferramentas adicionais de prevenção, não como substitutos do preservativo.
A PrEP e a PEP são avanços importantes na prevenção do HIV, oferecendo novas formas de proteger aqueles em risco de infecção. A PrEP oferece proteção contínua para pessoas com maior exposição ao HIV, enquanto a PEP serve como uma resposta emergencial após uma possível exposição. Juntas, essas estratégias representam uma esperança renovada no combate à epidemia de HIV e ajudam a tornar a prevenção mais acessível, eficiente e personalizada para as necessidades de cada indivíduo. No entanto, é fundamental que a educação sobre o HIV e o uso correto dessas medicações seja promovida para garantir que sua eficácia seja maximizada.