22 anos acompanhando 69 mil adultos
O estudo, que acompanhou mais de 69 mil adultos de meia-idade entre 1997 e 2019, teve como objetivo entender como diferentes fontes de açúcar, como doces e bebidas adoçadas, afetam o organismo ao longo do tempo. Durante esse longo período, os pesquisadores coletaram dados detalhados sobre os hábitos alimentares dos participantes e o desenvolvimento de doenças relacionadas ao coração e aos vasos sanguíneos.
Os resultados foram impressionantes: ao longo dos 22 anos de acompanhamento, 25.739 participantes desenvolveram pelo menos uma doença cardiovascular. A principal fonte de risco identificada foi o consumo de refrigerantes, destacando a necessidade de se monitorar especialmente o consumo de bebidas açucaradas. O estudo foi publicado na revista Frontiers in Public Health.
O perigo do açúcar líquido
O estudo revelou uma descoberta importante: o açúcar presente nas bebidas adoçadas, como os refrigerantes, é absorvido de maneira muito mais rápida pelo organismo do que o açúcar proveniente de alimentos sólidos. Isso ocorre porque o açúcar líquido não proporciona sensação de saciedade, fazendo com que as pessoas consumam grandes quantidades ao longo do dia sem perceberem o impacto no corpo.
Esse comportamento se reflete no dia a dia das pessoas, já que muitas têm o hábito de consumir refrigerantes regularmente, enquanto doces sólidos, como chocolates e bolos, são consumidos com muito menos frequência. Essa diferença de frequência e a rápida absorção do açúcar líquido explicam por que as bebidas açucaradas apresentam um risco cardiovascular mais elevado.
Uma proteção inesperada dos doces sólidos
Embora o estudo tenha destacado os riscos do consumo excessivo de refrigerantes, também trouxe uma descoberta surpreendente. Os pesquisadores observaram que o consumo moderado de doces sólidos, como chocolates e bolos, quando comparado a uma dieta completamente livre de açúcar, pode até ter um efeito protetor sobre a saúde cardiovascular.
Isso sugere que não é apenas a quantidade total de açúcar consumido, mas também a forma e a frequência de ingestão, que têm grande influência sobre os impactos na saúde do coração. O consumo moderado e esporádico de doces sólidos, desde que equilibrado, pode ser menos prejudicial do que o consumo diário e em grande quantidade de bebidas adoçadas.
Mudanças simples podem fazer a diferença
Embora o estudo seja observacional e não possa estabelecer uma relação direta de causa e efeito, os especialistas destacam a importância de se reduzir o consumo de refrigerantes e outras bebidas adoçadas. Mudanças simples na dieta, como substituir refrigerantes por alternativas mais saudáveis, podem ser eficazes na redução do risco de doenças cardiovasculares.
Além disso, é fundamental lembrar que outros fatores também influenciam a saúde do coração, como o sedentarismo, dietas ricas em alimentos ultraprocessados e padrões de sono inadequados. Para manter a saúde cardiovascular em boas condições, é essencial adotar um estilo de vida equilibrado, com práticas alimentares saudáveis e hábitos de vida ativos.
A pesquisa da Universidade de Lund evidencia a importância de se repensar os hábitos alimentares e, em particular, o consumo de refrigerantes. Embora o açúcar seja um componente comum na dieta moderna, as evidências sugerem que sua ingestão líquida, especialmente por meio de bebidas adoçadas, representa um risco elevado para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Moderações e escolhas mais conscientes na alimentação podem ser passos decisivos para a proteção do coração e para a promoção de uma vida mais saudável.