O câncer colorretal, também conhecido como câncer de cólon e reto ou câncer de intestino grosso, é um dos cinco tipos de câncer mais comuns no mundo, atingindo tanto homens quanto mulheres. A fundação destaca que, apesar da gravidade do quadro, o Brasil ainda não possui um protocolo específico para o rastreamento da doença, o que agrava ainda mais a situação. Em contraste, países como os Estados Unidos e as nações da Europa recomendam a realização de exames de colonoscopia a cada dez anos para pessoas acima dos 50 anos, mesmo na ausência de sintomas.
Envelhecimento e Fatores Regionais
O estudo revela que a maior parte dos casos de câncer colorretal no Brasil será registrada em pessoas com mais de 50 anos, um grupo considerado de maior risco. A estimativa é de que, até 2040, mais de 88% dos casos estarão concentrados nessa faixa etária. As regiões Norte e Centro-Oeste do Brasil devem ser as mais afetadas, com aumentos de 31,13% e 32,7%, respectivamente. Por outro lado, o Sudeste, embora registre um aumento de "apenas" 18%, terá um número absoluto de casos maior, com uma projeção de 38.210 casos em 2040.
Outro dado relevante do estudo é a incidência equilibrada entre os sexos, embora, nas regiões Centro-Oeste e Sul, os homens apresentem uma ligeira maior prevalência da doença.
Desafios do Rastreamento e Diagnóstico
A Fundação do Câncer alerta que o Brasil enfrenta um grande desafio em relação ao rastreamento do câncer colorretal. Embora a detecção precoce, por meio de exames como a colonoscopia e a pesquisa de sangue oculto nas fezes, seja essencial para reduzir a mortalidade da doença, o rastreamento populacional organizado ainda é um obstáculo, especialmente em países de baixa e média renda como o Brasil.
Problemas estruturais do sistema de saúde, como a infraestrutura inadequada, o difícil acesso a exames e a baixa adesão da população a programas de prevenção, são apontados como fatores que contribuem para a falta de eficácia no combate à doença. Além disso, o medo do diagnóstico e a falta de conscientização sobre a importância do rastreamento são desafios adicionais.
Propostas para Enfrentar o Crescimento do Câncer Colorretal
Para que a tendência de aumento nos casos de câncer colorretal não se concretize, a Fundação do Câncer defende a adaptação das estratégias de prevenção e diagnóstico às realidades locais do país. A entidade enfatiza a importância de políticas públicas regionalizadas, que ampliem o acesso a programas de rastreamento, fundamentais para a detecção precoce e a redução da mortalidade.
Outro ponto crucial é a necessidade de reduzir as desigualdades no acesso ao diagnóstico e ao tratamento da doença. A Fundação defende que as políticas de saúde pública no Brasil devem ser mais eficazes na distribuição de recursos conforme as necessidades específicas de cada região, garantindo que todas as pessoas tenham acesso aos exames de rastreamento.
Além disso, a Fundação alerta para a importância de mudar fatores sociais que impactam na prevenção do câncer colorretal, como hábitos alimentares, prática de atividade física e a redução de fatores de risco, como o consumo de carne processada e o tabagismo.
Urgência na Ação
O estudo da Fundação do Câncer é um alerta urgente para a sociedade brasileira sobre o aumento do câncer colorretal nos próximos anos. Sem uma abordagem eficaz de rastreamento e prevenção, o Brasil pode enfrentar uma crise de saúde pública, com um aumento significativo na mortalidade por essa doença. Adotar medidas para melhorar o acesso ao diagnóstico precoce, além de promover hábitos saudáveis, pode ser fundamental para reduzir os casos e salvar vidas. O tempo para agir é agora.