Em Maringá, a experiência de utilizar o transporte coletivo tem deixado de ser uma alternativa prática e acessível para se transformar em um verdadeiro teste de paciência, dignidade e, em alguns casos, segurança. As denúncias contra a TCCC (Transporte Coletivo Cidade Canção) se acumulam diariamente, vindas de passageiros que já não sabem mais a quem recorrer.
A revolta dos usuários não se limita ao desconforto: a direção imprudente de motoristas, os atrasos constantes e o tratamento desrespeitoso se tornaram parte do cotidiano de quem depende do transporte público para estudar, trabalhar ou simplesmente viver.
“A direção imprudente é uma forma de agressão”, diz uma moradora da zona norte que preferiu não se indentificar, pois já fez denuncia e foi coajida depois pelomotorista que teve acesso atodas as informações de forma deliberada.Ela conta também que já presenciou motoristas subindo o meio-fio em esquinas e rotatórias. “Não era comum ver esse tipo de coisa em Maringá. Agora parece normalizado.”
Histórias de descaso
Os relatos são inúmeros: passageiros presos nas portas ao descer, pontos ignorados mesmo após o pedido de parada, usuários deixados para trás sem explicação, além de agressões verbais por parte de alguns motoristas. Para muitos, o comportamento de alguns condutores da TCCC passou de negligente a autoritário. “Parece que se sentem donos da rua. Quem nunca foi fechado no trânsito por um ônibus da empresa?”, questiona um motociclista que prefere não se identificar.
Além disso, o descumprimento dos horários se tornou regra. Aplicativos de monitoramento raramente correspondem à realidade. Em alguns bairros, linhas simplesmente desaparecem por longos períodos do dia, obrigando moradores a caminharem grandes distâncias ou aguardarem por horas.
Farra que não começou agora
Apesar das críticas atuais, muitos usuários apontam que os problemas não são exclusivos da gestão atual da prefeitura. “A farra da TCCC começou antes, foi sendo tolerada, e agora parece fora de controle”, comenta um servidor público.
A sensação geral é de abandono. Passageiros, que na prática são clientes da empresa e contribuintes da cidade, dizem estar cansados de denunciar e não serem ouvidos. “Pagamos caro por um serviço que nos desrespeita. O que mais precisa acontecer para que algo mude?”, questiona uma estudante universitária.
Falta de fiscalização e transparência
Outra queixa recorrente é a falta de fiscalização efetiva por parte do poder público. A sensação é de que a TCCC opera com liberdade total, sem prestar contas à população. “Onde está o controle da prefeitura? O contrato foi renovado, mas as melhorias prometidas sumiram junto com os horários dos ônibus”, diz um líder comunitário.
O silêncio que atropela
A TCCC, enquanto concessionária, tem a responsabilidade de oferecer um serviço público essencial com segurança, pontualidade e respeito. Enquanto isso não acontecer, seguirá sob os holofotes da crítica — não por perseguição, mas por consequência direta do próprio desrespeito com o povo maringaense.
É hora de parar de fingir que nada está acontecendo. A cidade que se orgulha de sua organização e planejamento não pode continuar refém de um sistema de transporte que mais parece um campo minado sobre rodas.
A indignação nas ruas já existe. Falta agora atitude de quem tem poder para mudar.