Mas bastou um olhar mais atento — ou algumas apreensões em flagrante — para que o brilho desse cenário começasse a se desgastar. Por trás do ronco dos motores importados, vieram à tona histórias de inadimplência, abusos no trânsito e, em alguns casos, até envolvimento com esquemas financeiros ilegais.
A imagem de carros milionários sendo guinchados por falta de pagamento de impostos, multas acumuladas ou desrespeito às leis de trânsito passou a se tornar recorrente. O caso da Ferrari estacionada em vaga para deficientes em 2024 e o Porsche apreendido com mais de R$ 20 mil em débitos são apenas exemplos públicos de um comportamento privado: a busca por status, mesmo sem condições de sustentá-lo.
Esses episódios não apenas escancararam a superficialidade de uma parte da elite maringaense, mas também colocaram em xeque o que se entende como sucesso na cidade. A posse de um bem de luxo deixou de ser sinal de estabilidade para, muitas vezes, se tornar sinônimo de vaidade financiada por dívidas, ostentação sem estrutura ou até crimes financeiros.
Hoje, ao lembrar daquele momento em que Maringá ostentava supermáquinas nas ruas arborizadas, muitos já não veem apenas progresso, mas uma fase marcada por excessos e ilusões. Uma fase em que a aparência — e não o conteúdo — era o que mais importava.
E agora, passado esse tempo, a pergunta que fica é: o que Maringá quer ser? Uma cidade que continua a fingir que tudo brilha, ou uma cidade que reconhece que verdadeiro desenvolvimento não se mede em cavalos de potência, mas em ética, responsabilidade e sobriedade social?