A atual assessoria de imprensa da Prefeitura de Maringá está no centro de críticas e piadas em grupos de WhatsApp formados por jornalistas da cidade e região. O motivo? A drástica redução no envio de pautas, sugestões de reportagem e informações úteis ao dia a dia da cobertura jornalística local.
O envio recorrente de releases apenas sobre obituários de figuras públicas — como ex-vereadores e ex-secretários — vem sendo interpretado como descaso com o cotidiano da cidade e com o trabalho da imprensa. “Maringaense só importa para a Prefeitura de Maringá se morrer”, ironizou um repórter experiente em um grupo de cobertura política. A frase se tornou uma espécie de bordão, que resume o clima de frustração entre os profissionais da área.
A situação contrasta com a gestão anterior, que, embora também tenha sido criticada por práticas como o favorecimento de influenciadores digitais e blogueiros sem formação técnica, mantinha um fluxo regular de pautas institucionais, sugestões de cobertura e avisos relevantes. “A outra gestão tinha seus vícios, mas ao menos nos tratava como imprensa. Agora é só silêncio — ou morte”, afirmou outro comunicador, que preferiu não se identificar por medo de represálias.
A falta de diálogo com a imprensa tradicional também tem sido tema constante de deboche: “Como é bom trabalhar para o governo, só mamata”, comentam ironicamente alguns jornalistas, referindo-se à aparente comodidade de atuar em uma assessoria que não precisa lidar com jornalistas, entrevistas, coletivas ou sequer sugestões de pauta.
A crítica generalizada também aponta para o esvaziamento do papel informativo da assessoria de imprensa. O que antes era um canal de comunicação institucional entre o poder público e os veículos — fundamental em uma cidade do porte de Maringá — se resume hoje, segundo jornalistas, a um disparador automático de notas de falecimento.
Mais do que uma crítica pontual, o episódio levanta uma discussão mais profunda sobre o papel da comunicação pública: ela existe para informar o cidadão ou apenas para preservar a imagem da gestão? A ausência de pautas, entrevistas coletivas, agendas proativas e respostas a demandas da imprensa pode indicar uma estratégia de blindagem.
Na prática, isso significa menos acesso à informação de interesse público, menos transparência, e um distanciamento entre a administração municipal e os moradores da cidade.
Enquanto isso, os comunicadores seguem fazendo piadas — um riso amargo de quem, na falta de resposta, transforma a frustração em sarcasmo.
Mas o que está em jogo não é apenas a vaidade de jornalistas ou a eficiência de uma assessoria. É o direito à informação de qualidade, um dos pilares fundamentais de qualquer democracia.