Durante a transmissão, Cantanhêde questionou a diferença entre o impacto dos mísseis iranianos, que segundo ela atingem Israel com poucos ou nenhum morto, e os ataques israelenses, que resultam em milhares de mortes, especialmente em Gaza. A comentarista se referiu ao número de vítimas como “uma mortezinha daqui, outra dali”, o que gerou forte repercussão negativa nas redes sociais e acusações de insensibilidade e possível banalização da violência em cenários de guerra.
A fala provocou reações imediatas do público, que apontou para a gravidade de se referir de forma casual à perda de vidas humanas. A crítica foi direcionada tanto ao tom como ao conteúdo da pergunta, interpretada por muitos como uma tentativa de relativizar os impactos de ataques armados conforme a origem dos mísseis.
Posteriormente, a jornalista utilizou sua conta na plataforma X (antigo Twitter, banido no Brasil desde 2024) para se desculpar, afirmando que se expressou mal e que sua intenção era levantar uma questão técnica sobre armamentos e sistemas de defesa. Cantanhêde também fez questão de declarar repúdio ao antissemitismo, alegando que não havia qualquer intenção discriminatória em seu comentário.
O episódio levanta questões importantes sobre os limites da análise jornalística em contextos de guerra. A imparcialidade, a empatia e o cuidado com a linguagem devem ser princípios orientadores de qualquer profissional da comunicação, especialmente ao tratar de temas sensíveis como mortes civis e tensões geopolíticas. A forma como as informações são veiculadas não é neutra: ela influencia a percepção pública, podendo reforçar discursos ou relativizar sofrimentos.
Além disso, a situação reacende o debate sobre o papel do jornalista enquanto mediador da informação, e não como protagonista de análises interpretadas como pessoais ou politicamente enviesadas. A linha entre uma pergunta legítima — ainda que técnica — e uma insinuação insensível pode ser tênue, especialmente em transmissões ao vivo. Por isso, o rigor ético na abordagem dos fatos deve prevalecer mesmo diante da informalidade ou espontaneidade de uma conversa em rede nacional.
O caso de Eliane Cantanhêde não é isolado, mas serve como exemplo emblemático das responsabilidades associadas ao jornalismo em tempos de conflitos armados e polarização global. A credibilidade de um profissional e de um veículo de imprensa depende não apenas da apuração correta dos fatos, mas também do respeito ao sofrimento humano e da consciência sobre o impacto de cada palavra pronunciada.
Comentário equivocado de jornalista da GloboNews sobre inglês de ex-presidente expõe falhas recorrentes na cobertura e levanta questionamentos sobre isenção
A recente polêmica envolvendo a jornalista Eliane Cantanhêde, da GloboNews, durante a cobertura do conflito entre Irã e Israel, não é um caso isolado em sua trajetória. Em ocasiões anteriores, a comentarista já havia se envolvido em controvérsias relacionadas à apuração e interpretação equivocadas de fatos jornalísticos — o que amplia o debate sobre ética, responsabilidade e parcialidade na imprensa brasileira.
Um dos episódios mais notórios ocorreu quando Cantanhêde, em transmissão ao vivo, parabenizou um ex-presidente da República por supostamente falar inglês durante um discurso internacional. A jornalista elogiou a fluência do mandatário no idioma estrangeiro com um tom de surpresa, insinuando que não esperava tal desenvoltura por parte do chefe de Estado. Pouco depois, no entanto, foi constatado que quem havia falado em inglês, na verdade, era o intérprete oficial do evento, e não o presidente.
Apesar do erro factual, Eliane Cantanhêde não se retratou diretamente, tampouco reconheceu a falha em sua análise. Ao contrário, reforçou sua crítica à ausência de domínio da língua inglesa por parte do presidente, sugerindo que a incapacidade de se comunicar em inglês seria um problema simbólico da liderança brasileira — ainda que o elogio inicial tenha se baseado numa interpretação equivocada.
O episódio ilustra uma tendência preocupante: o uso de impressões pessoais como ferramenta de julgamento político, mesmo quando sustentadas por informações incorretas. Quando uma jornalista com ampla visibilidade comete um erro de apuração e não o reconhece, mas ainda assim insiste em manter a crítica que o erro sustentava, isso compromete a credibilidade não apenas da profissional, mas do próprio jornalismo que deveria pautar-se por correção, clareza e responsabilidade.
Mais grave ainda é a tentativa de se manter em uma posição de autoridade moral, desconsiderando o fato de que falhas acontecem — tanto no jornalismo quanto na política. O ponto central da crítica de Cantanhêde era a suposta deficiência de um presidente por não falar inglês. Contudo, ela própria demonstrou, naquele momento, desconhecimento ou desatenção diante de um dado simples: quem discursava era o intérprete, não o presidente.
Esse tipo de conduta jornalística, marcada por julgamentos rápidos e pouco rigorosos, reforça a necessidade de repensar a forma como figuras públicas — jornalistas e políticos — são avaliadas. O erro da jornalista, seguido da ausência de uma retratação, evidencia uma contradição: exigir excelência e preparo de quem ocupa cargos públicos sem aplicar o mesmo padrão a si mesma enquanto comunicadora de massa.
Num momento em que a confiança no jornalismo é desafiada por polarizações e desinformações, episódios como este evidenciam o quanto a credibilidade depende da disposição para assumir erros, corrigir publicamente informações equivocadas e separar crítica legítima de militância disfarçada de análise. Ao contrário disso, a insistência em manter um julgamento mesmo após uma constatação de erro apenas enfraquece a função da imprensa como mediadora responsável entre o fato e o público.