.O serviço, que já foi referência de inclusão digital e apoio ao cidadão em trânsito, permanece inativo, sem qualquer aviso ou previsão de conserto. O que inicialmente parecia apenas uma falha temporária, hoje levanta suspeitas entre moradores e usuários frequentes do terminal.
Coincidência ou interesse? População questiona o surgimento de nova empresa no local
O que tem chamado a atenção de muitos é que o colapso da rede pública coincide com a presença crescente de uma empresa privada que passou a oferecer internet “gratuita” no entorno do terminal. No entanto, esse novo serviço exige que o usuário assista a propagandas, aceite cookies de rastreamento e, por vezes, preencha pesquisas de empresas interessadas em coletar dados pessoais.
Diante disso, surgem questionamentos legítimos por parte dos cidadãos: será que a internet da prefeitura foi deliberadamente deixada fora do ar para favorecer essa empresa? Existe alguma relação entre a inoperância do serviço público e a expansão desse modelo de “gratuidade com contrapartida publicitária”? Há algum tipo de parceria informal ou contrato desconhecido entre o poder público e essa empresa?
Até o momento, nenhuma explicação oficial foi oferecida. Nem sobre o motivo da interrupção do sinal público, nem sobre a atuação da empresa privada no espaço do terminal.
Uma conexão quebrada entre cidadão e gestão pública
Enquanto isso, o prejuízo é real para os usuários: estudantes que dependem da internet para acessar conteúdos escolares, trabalhadores que consultam rotas e horários de ônibus, idosos que se comunicam com familiares e pessoas em situação de vulnerabilidade que usam redes sociais para buscar apoio. Todos ficam à mercê de um serviço privado que impõe condições para acesso.
Essa dependência digital, cada vez mais normalizada, cria um ambiente onde o direito à informação e à conectividade pública é substituído por um modelo de exploração de dados e exposição à publicidade — sem garantias de segurança, privacidade ou continuidade.
Falta de transparência amplia desconfiança
Não se trata de acusar sem provas, mas de observar e cobrar. Em uma cidade onde a tecnologia é ferramenta de gestão e orgulho local, a ausência de um serviço digital essencial como a internet pública no terminal — e a falta de resposta oficial — mina a credibilidade do sistema. Em vez de evoluir, Maringá parece caminhar para um modelo opaco, onde o interesse público corre o risco de ser deixado de lado em nome de arranjos pouco claros.
A população não exige milagres. Exige conexão — com a rede e com a verdade.