Na última sessão da Câmara de Vereadores de Maringá, transmitida pelo canal oficial da Câmara no YouTube, um episódio lamentável envolvendo o vereador Maninho, do Republicanos, expôs a crassa falta de ética e respeito que, infelizmente, ainda permeia a política brasileira. Durante uma discussão sobre o câncer, tema de relevância profunda e emocional para muitas famílias, o vereador ao chamar a atenção de outro representante do povo solta fala que mostra seu posicionamento preconceituoso e desrespeitoso.
A frase, dita em um momento de tensão e com um tom de provocação, “presta atenção, viado”, foi, sem dúvida, uma grande falta de respeito, especialmente em um contexto onde se esperava seriedade e consideração, dada a gravidade do tema em questão. Ao perceber o erro, Maninho tentou justificar sua atitude com um pedido de desculpas, tentando minimizar o impacto da fala. No entanto, em um segundo momento, ao finalizar a sessão, ele reiterou suas desculpas, justificando que em seu “bairrismo” essa é uma “brincadeira” comum nos bastidores da câmara de Maringá
Essa justificativa apenas acentua um problema maior: a normalização de comportamentos preconceituosos e a falta de compreensão do papel fundamental que políticos desempenham como representantes do povo. Ao atribuir sua fala a um suposto "bairrismo", maninho não apenas descreditou a seriedade do pedido de desculpas, mas também passou uma mensagem extremamente perigosa e tolerante à discriminação. A ideia de que chamar um colega de trabalho de “viado” é aceitável porque “faz parte da brincadeira” é um reflexo claro da falta de preparação de muitos políticos brasileiros, que, ao invés de buscar ser exemplos de respeito e civilidade, se refugiam em atitudes antiquadas e preconceituosas.
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Este incidente revela um problema que vai além de um simples deslize verbal. Ele expõe a falta de educação, de ética e de respeito que ainda predomina no comportamento de muitos políticos. Ao fazer piadas homofóbicas ou de qualquer outra natureza discriminatória, esses representantes esquecem que suas atitudes não só afetam seus colegas de trabalho, mas também refletem diretamente na sociedade, incentivando comportamentos intolerantes e discriminatórios.
Os vereadores, em sua maioria, são eleitos para serem líderes de suas comunidades, defendendo valores como igualdade, respeito e justiça social. Ao invés disso, temos visto uma série de episódios de desrespeito, piadas de mau gosto e atitudes de desqualificação entre pares. Isso não é um simples “erro de linguagem” ou “brincadeira de bairro”; é uma falha grave no exercício da política que, em última instância, contribui para o desinteresse do público e a falta de credibilidade das instituições democráticas.
A situação em Maringá, embora lamentável, é um retrato de uma realidade maior: a política brasileira precisa urgentemente de uma reforma não apenas nas estruturas partidárias ou na legislação, mas também nos comportamentos e atitudes dos políticos. Eles devem ser educados para respeitar as diferenças, para compreender a importância de suas palavras e ações e para ser exemplos de civilidade, ética e respeito ao próximo. O público exige mais do que desculpas vazias após comportamentos equivocados; exige mudança e responsabilização.
"Brincadeiras" desse tipo não têm lugar em uma política moderna e inclusiva. É urgente que as lideranças políticas do país compreendam que o papel de um vereador, deputado ou qualquer representante público é o de elevar o nível do debate, não de perpetuar estigmas e desrespeitos. A falha de um vereador em Maringá é a falha de um sistema político que ainda engatinha em termos de educação política e civilidade.
A política deve ser um espaço de construção coletiva e de debate respeitoso, onde as diferenças são valorizadas e não atacadas. O episódio envolvendo o vereador Amnino é uma dura lembrança de que a mudança precisa começar dentro das próprias casas legislativas, com a conscientização e educação de quem ocupa esses cargos de poder.
Esperamos que, no futuro, atitudes como essa sejam tratadas com a seriedade que merecem e que, ao invés de desculpas vazias, haja um compromisso real com a transformação do comportamento político no Brasil. O respeito deve ser a base de qualquer conversa pública, e é isso que a sociedade espera, cada vez mais, de seus representantes.
