A especulação sobre a sexualidade de Hitler não é nova. Ela remonta ao pós-guerra, quando figuras ligadas ao regime nazista foram interrogadas e vários relatos sobre sua vida pessoal começaram a emergir. A teoria de que Hitler poderia ser homossexual ganhou visibilidade a partir de obras como o livro The Hidden Hitler, escrito por Lothar Machtan, publicado em 2001.
Machtan e outros autores afirmam que Hitler teria mantido relações íntimas com homens durante sua juventude, além de ter demonstrado um comportamento que poderia ser interpretado como homossexualidade em algumas situações. Entre os argumentos levantados, está a alegação de que Hitler teria tido uma relação próxima e talvez até romântica com Rudolf Hess, seu vice-líder, além de outros membros do círculo íntimo do regime, como o arquiteto Albert Speer.
Esses argumentos são frequentemente reforçados pela alegação de que Hitler nunca teve uma relação pública com uma mulher, o que, segundo os defensores dessa teoria, seria incomum para um líder de sua época.
Parte das especulações sobre a sexualidade de Hitler vem de sua juventude em Viena, no início do século 20, uma cidade conhecida por sua diversidade cultural e pela visibilidade de comunidades homossexuais. Alguns relatos sugerem que Hitler teria tido contato com círculos que incluíam homens homossexuais. No entanto, esses relatos são baseados principalmente em especulações, e não há documentos históricos concretos que confirmem que Hitler tenha vivido uma vida sexual ativa ou mantido relações com homens na juventude.
Além disso, é importante considerar o contexto histórico e cultural de Viena naquela época. A cidade foi um ponto de encontro para artistas, intelectuais e figuras políticas, e as normas sociais e sexuais eram bastante fluidas em comparação com outras partes do Império Austro-Húngaro.
Outro ponto de debate entre os estudiosos é a relação de Hitler com Eva Braun, com quem ele teve um relacionamento íntimo por mais de 10 anos, embora isso fosse mantido em segredo até o final da Segunda Guerra Mundial. Hitler nunca foi publicamente casado com Braun, embora ela tenha sido sua esposa por um breve período antes de ambos cometerem suicídio no bunker de Berlim em 1945.
A ausência de uma relação pública com Eva Braun ou com outras mulheres durante grande parte da vida de Hitler alimentou ainda mais as especulações sobre sua sexualidade. Contudo, muitos historiadores sugerem que essa relutância pode ser explicada mais pelo controle rígido que Hitler exerceu sobre sua imagem pública e sua obsessão por preservar sua autoridade política do que por qualquer atração por homens.
A grande maioria dos historiadores que estudam a vida de Adolf Hitler e o regime nazista considera a teoria de que ele era gay uma especulação sem fundamento. Não existem evidências diretas que comprovem a homossexualidade de Hitler, e a maioria dos relatos que surgiram ao longo do tempo são baseados em interpretações de comportamentos e relações pessoais que poderiam ser explicados de outras maneiras.
O historiador Ian Kershaw, por exemplo, autor de uma biografia amplamente respeitada sobre Hitler, sugere que a questão da sexualidade de Hitler é irrelevante quando comparada aos crimes e ideologias que ele propagou. Kershaw enfatiza que o que mais importa é a visão de mundo radical de Hitler, suas crenças racistas e sua responsabilidade pelos horrores da Segunda Guerra Mundial e do Holocausto.
É importante observar que a disseminação de teorias não confirmadas sobre a sexualidade de figuras históricas muitas vezes ocorre como uma forma de tentar "humanizar" ou até "descreditar" figuras como Hitler. Essas teorias podem ser baseadas em interpretações modernas ou em vieses de quem as propaga, mas sem um respaldo histórico sólido.
As afirmações sobre a sexualidade de Hitler, seja ela homossexual ou heterossexual, não alteram em nada o impacto devastador de suas ações políticas. O regime nazista, liderado por ele, foi responsável por milhões de mortes e pela implementação de um dos episódios mais sombrios da história da humanidade: o Holocausto.
A teoria de que Hitler poderia ser gay é, até o momento, apenas uma hipótese especulativa, sem apoio de evidências históricas robustas. Embora tenha atraído a atenção de alguns estudiosos e autores ao longo dos anos, ela não é amplamente aceita pela maioria dos historiadores, que preferem se concentrar nas ações e ideologias de Hitler em vez de nos aspectos de sua vida privada.
Enquanto isso, a figura de Hitler continua sendo estudada e analisada principalmente no contexto de sua ideologia, sua liderança totalitária e seu papel central na história da Segunda Guerra Mundial e do Holocausto. Independentemente de sua sexualidade, o impacto de suas ações na história permanece inegável e devastador.