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Riso de Daniela Lima na GloboNews levanta suspeitas sobre ética e imparcialidade jornalística e como isso afeta o fornalismo como quarto poder

A edição do Central GloboNews de 12 de dezembro de 2024 ganhou repercussão negativa quando a âncora Daniela Lima caiu na gargalhada ao relatar, em pleno ar, que havia recebido de um ministro do governo uma figurinha de WhatsApp ironizando a crise política (“A situação está sob controle, só não sabemos de quem”). A cena, transmitida ao vivo, foi vista por críticos como sinal de proximidade excessiva com o poder e de descuido com o tom de seriedade que se espera de quem cobre o noticiário político

10/06/2025 às 03h31 Atualizada em 10/06/2025 às 03h40
Por: Rede Geração
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Foto: Reprodução/GloboNews
Foto: Reprodução/GloboNews

Nas horas seguintes, o trecho viralizou nas redes sociais e alimentou comentários apontando “falta de profissionalismo” e possível violação do Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros, que orienta manter distância crítica das fontes para evitar favorecimentos ou aparência de parcialidade. Para muitos espectadores, rir de uma mensagem privada de um ministro, enquanto se apresenta como intermediária entre a notícia e o público, compromete a credibilidade da emissora e reforça suspeitas de alinhamento ideológico.

O episódio não ocorreu em isolamento. Em abril de 2024, Daniela Lima já havia sido corrigida ao vivo por colegas Fernando Gabeira e Leilane Neubarth, que cobraram “prudência e isenção” durante um debate sobre decisões do CNJ na Operação Lava JatoDias depois, sua ausência temporária do canal gerou rumores de suspensão, mais tarde negados pela própria apresentadora. Esses antecedentes compõem um histórico que fragiliza a percepção de neutralidade na cobertura política.

Para além do caso individual, a controvérsia relança a discussão sobre o jornalismo como “quarto poder”. A expressão – consagrada no século XIX e retomada por estudos acadêmicos – define a imprensa como instância de fiscalização externa dos Três Poderes do Estado, papel que exige independência editorial e vigilância permanente. Quando um profissional se mostra excessivamente próximo de agentes públicos, a função de “watchdog” se converte, na visão de críticos, em “cão de colo”, enfraquecendo o equilíbrio democrático.

A confiança do público já se encontra pressionada por desinformação, polarização e queda geral na credibilidade das instituições. Gestos aparentemente triviais, como uma risada, ganham peso simbólico nesse contexto: sinalizam ao espectador que jornalistas podem misturar notícia e camaradagem, reduzindo a distância que deveria separar reportagem e poder. O resultado prático é o aumento da suspeita de parcialidade e a erosão da autoridade que legitima o jornalismo a ocupar espaço de relevância pública.

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Por fim, o caso Daniela Lima serve como lembrete de que ética jornalística se constrói não só em grandes investigações, mas também em pequenos gestos diários diante das câmeras. Se a imprensa pretende manter o posto de “quarto poder”, precisa reafirmar transparência, rigor e postura crítica – inclusive nos momentos de descontração que, sob os holofotes, deixam de ser meramente pessoais para se tornar assunto de interesse coletivo.

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