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Imprensa parcial? Risada de Daniela Lima reacende desconfiança sobre jornalismo político

A edição do Central GloboNews exibida em 17 de dezembro de 2024 virou assunto nas redes depois que a âncora Daniela Lima caiu na gargalhada ao revelar que recebera, via WhatsApp, de um ministro do governo uma figurinha com a frase “A situação está sob controle, só não sabemos de quem”. A imagem do riso, capturada em vídeo e replicada em diversas plataformas, levou internautas a questionar se há distância crítica entre a apresentadora e suas fontes políticas.

10/06/2025 às 03h43
Por: Rede Geração
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Foto: Reprodução/GloboNews
Foto: Reprodução/GloboNews

Proximidade que gera ruído de credibilidade

Embora jornalistas lidem diariamente com autoridades, a exposição pública de conversas informais costuma ser evitada para preservar a percepção de neutralidade. Ao compartilhar o conteúdo em tom jocoso, Lima alimentou a ideia de relação de camaradagem com o ministro – algo incompatível com o Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros, que preconiza independência e aparência de isenção. Quando o noticiário político já enfrenta forte polarização, gestos aparentemente banais passam a ser lidos como sinal de alinhamento.

Histórico recente de controvérsias

O episódio somou-se a outros momentos em que a postura da âncora foi contestada. Em abril de 2024, uma ausência de dois dias no Conexão GloboNews gerou especulações sobre possível punição após debate acalorado com colegas; a emissora atribuiu o afastamento a problemas de saúde, mas a discussão já havia suscitado críticas sobre a condução do programa.

Impacto sobre o “quarto poder”

A imprensa costuma ser descrita como quarto poder justamente por atuar na fiscalização dos Três Poderes do Estado. Quando uma figura proeminente do jornalismo político demonstra intimidade que possa sugerir conivência, o papel de “watchdog” se fragiliza. A confiança do público – já abalada por desinformação e partidarismo – sofre novo abalo, intensificando a percepção de que veículos que defendem a imparcialidade praticam, na verdade, um viés seletivo.

Desafio para as redações

Casos como o da risada de Daniela Lima reforçam a necessidade de:

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  • Transparência sobre critérios de apuração e relacionamento com fontes;

  • Limites claros entre bastidores e exposição pública;

  • Treinamento contínuo em ética profissional, incluindo conduta em transmissões ao vivo e redes sociais;

  • Protocolos editoriais que evitem que interações pessoais sejam interpretadas como posicionamento político.

Sem tais cuidados, o jornalismo corre o risco de ver sua função fiscalizadora substituída pela imagem de um ator político a mais ­– exatamente o oposto da missão que lhe confere relevância democrática.

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