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Acusação de crime e risco a vida no Colégio Presidente Kennedy, denunciante é coagido dentro da instituição

Fato abriga, silencia e compartilha responsabilidades em caso de violência institucional de terceiros

05/07/2025 às 04h15 Atualizada em 05/07/2025 às 06h00
Por: Opinião, crítica e análise
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Acusação de crime e risco a vida no Colégio Presidente Kennedy, denunciante é coagido dentro da instituição

O caso mais grave ocorreu durante a entrega de uniformes, quando a servidora Roberta Justus reponsável do projeto Cuida Paraná, ao se deparar com uma estudante gorda, disse: “Toma, pega duas e faz uma.” A frase, carregada de escárnio e preconceito, foi testemunhada por alunos e funcionários.

Pior: após a denúncia, o que se seguiu não foi acolhimento nem correção, mas uma tentativa de silenciamento. Uma reunião surpresa, sem pauta oficial, foi realizada em tom de cobrança e intimidação, com falas que apelavam à “lealdade institucional” e à preservação da imagem do projeto. A coação sofrida pelo denunciante foi formalmente relatada a diversos órgãos de controle, e demonstra que a conduta adotada pelas lideranças do projeto buscou inverter a narrativa e constranger quem ousou romper o silêncio.

Embora o Colégio não seja o executor técnico do curso, ao abrir suas portas para o programa, cedeu não apenas sua estrutura física, mas também sua legitimidade pedagógica e institucional. Isso implica em corresponsabilidade ética e administrativa diante dos abusos cometidos em seu espaço. O silêncio da direção e a ausência de qualquer medida de apuração ou proteção às vítimas representam uma grave falha de gestão escolar e de compromisso com os princípios da educação pública.

A situação se agrava diante da conduta do diretor do SENAI, responsável técnico pelo curso, que causou indignação ao mandar as vítimas pedirem desculpas à agressora — justamente a servidora acusada de gordofobia.

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O programa Cuida Paraná teve outras denúncias, incluindo a realização de aulas práticas sem EPIs.

Veja o vídeo com os áudios da reunião:

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O programa Cuida Paraná teve outras denúncias, incluindo a exposição de um aluno com transtornos mentais e cognitivos, sem qualquer acolhimento, reforçando o padrão de violência institucional e negligência por parte dos responsáveis pelo projeto.

Saiba mais sobre: Clique aqui e veja vídeo da conversa de WhatsApp

Em vez de acolher os denunciantes e corrigir os problemas, a condução do projeto optou por coagir, distorcer os fatos e blindar os responsáveis, num movimento que desrespeita a dignidade dos alunos e compromete o discurso de formação ética e cidadã.

A reunião coercitiva e os episódios de discriminação foram formalmente denunciados ao Ministério Público do Paraná (MP-PR), ao Tribunal de Contas do Estado (TCE-PR), ao Ministério Público do Trabalho (MPT), à Controladoria-Geral do Estado (CGE-PR) e ao Ministério dos Direitos Humanos.

O que poderia ser um programa modelo de inclusão e qualificação social se converteu num exemplo negativo de abuso de poder, negligência administrativa e preconceito institucional. As ações esperadas — investigação, afastamento dos envolvidos e retratação pública — jamais vieram. Em seu lugar, instalaram-se o silêncio, a intimidação e a manutenção de estruturas que punem quem denuncia, e protegem quem oprime.

Num contexto em que o Cuida Paraná se apresenta como política de cuidado e promoção social, o mínimo seria garantir EPIs, ambiente seguro e respeito à diversidade corporal. Em vez disso, o que se viu foi a naturalização da gordofobia, a precarização das condições de ensino e a repressão de vozes críticas.

O caso revela também a fragilidade das parcerias entre o Sistema S, o governo estadual e as escolas públicas, que, ao serem firmadas sem critérios claros de controle, se tornam terreno fértil para violências simbólicas e operacionais. No caso específico, a direção do Colégio Presidente Kennedy, o Núcleo Regional de Educação e a própria Secretaria de Estado da Educação do Paraná (SEED-PR) possuem o dever institucional de apurar, corrigir e proteger — não de silenciar e permitir.

A responsabilidade é coletiva. Mas a omissão é sempre institucional.

Repercusão do caso na política:

Saiba mais sobre: Clique Aqui

 

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