Anúncios Fraudulentos e Desinformação sobre o Pix
Entre os principais tipos de golpes identificados na pesquisa estão os relacionados à desinformação sobre a taxação do Pix, uma questão que gerou discussões e fake news no país. Após a publicação e subsequente revogação da Instrução Normativa 2.219/2024 da Receita Federal, que causou rumores sobre a taxação de transações via Pix, golpistas começaram a divulgar anúncios fraudulentos que se passavam por páginas oficiais do governo. Esses anúncios prometiam benefícios financeiros ou programas de isenção de taxas, mas, na realidade, levavam os usuários a sites falsos onde eram solicitados pagamentos de taxas antecipadas.
Em muitos casos, os golpistas se aproveitaram da aparência de anúncios legítimos, utilizando logotipos e marcas semelhantes aos de órgãos oficiais, tornando difícil para os usuários identificar que estavam sendo enganados.
O Uso de Inteligência Artificial e Deepfakes
Além dos anúncios fraudulentos, o estudo também destacou o uso de inteligência artificial (IA) para criar deepfakes, ou seja, vídeos manipulados de forma a parecerem autênticos. A prática de deepfakes tem se tornado cada vez mais comum em golpes financeiros, onde políticos ou figuras públicas são representados em vídeos falsos, manipulando o público e dando credibilidade aos anúncios fraudulentos. Políticos como Nikolas Ferreira e Fernando Haddad, entre outros, foram frequentemente alvos dessa tática, tendo seus rostos e vozes manipulados para enganar os eleitores e aumentar o alcance das fraudes.
O uso de IA para criar vídeos realistas e manipulados tem gerado sérios desafios para os sistemas de moderação de conteúdo, uma vez que essas tecnologias tornam a verificação da veracidade dos vídeos mais difícil.
A Fragilidade no Sistema de Moderação de Anúncios da Meta
O estudo também apontou uma falha significativa no sistema de moderação de anúncios da Meta. De acordo com a pesquisa, as ferramentas de verificação de anunciantes da Meta não têm sido eficazes para identificar e bloquear golpistas. A Meta, embora tenha afirmado que implementa medidas para combater fraudes financeiras, não consegue barrar todos os anúncios fraudulentos, o que tem resultado em uma proliferação desses golpes.
Os pesquisadores identificaram que mais de 70% dos golpes financeiros no Brasil têm origem em plataformas como o Facebook e o Instagram, além de outras redes da Meta. A falta de uma verificação rigorosa de anunciantes e a fragilidade nas políticas de moderação continuam sendo pontos críticos apontados pelo estudo.
Em resposta à pesquisa, a Meta informou que está constantemente aprimorando suas ferramentas de moderação de conteúdo e que trabalha com inteligência artificial para identificar padrões de fraudes. A empresa também afirmou que tem parceiros externos que ajudam na verificação de anunciantes e na remoção de conteúdos fraudulentos.
Responsabilidade da Meta e Necessidade de Ação
O estudo do NetLab da UFRJ chamou a atenção para a necessidade de uma maior responsabilidade da Meta e outras plataformas digitais no combate aos golpes financeiros. A transparência nas políticas de moderação de anúncios, além de uma verificação mais rigorosa de anunciantes, são medidas essenciais para garantir a segurança dos usuários. A Meta precisa intensificar seus esforços para combater a desinformação e bloquear práticas fraudulentas antes que elas cheguem aos usuários.
Além disso, a educação digital e o treinamento de usuários para reconhecer fraudes online também são componentes-chave na luta contra os golpes. A conscientização sobre a veracidade das informações e o cuidado ao realizar pagamentos online são fundamentais para evitar que mais pessoas sejam vítimas desses crimes.
Desafios Persistem, Mas Mudanças São Necessárias
O estudo da UFRJ mostra que, embora a Meta e outras plataformas digitais estejam tomando algumas medidas para combater os golpes financeiros, ainda existem falhas significativas que precisam ser abordadas de forma mais eficaz. Golpes financeiros continuam sendo uma ameaça crescente no Brasil, com grande parte deles originando-se de fraudes nas redes sociais. A Meta, como uma das maiores plataformas digitais do mundo, tem a responsabilidade de melhorar a verificação de anunciantes, intensificar a moderação de conteúdo e combater de forma mais eficiente a desinformação e as fraudes que circulam em suas plataformas.
Ao mesmo tempo, é essencial que os usuários estejam sempre alerta e adotem medidas preventivas para se protegerem de fraudes online. O estudo reforça a importância de um esforço conjunto, envolvendo plataformas, autoridades e usuários, para criar um ambiente digital mais seguro para todos.