Andressa Urach, polêmica da mídia pelos escândalos, recentemente anunciou sua intenção de se candidatar nas eleições de 2026, prometendo lutar pelos direitos das minorias, como gays, trans e garotas de programa. A declaração, que chamou a atenção pela inesperada união entre a prostituta virtual e a política, foi acompanhada de um discurso voltado para a defesa de um "centro político". No entanto, o que poderia ser visto como um movimento positivo, logo se transformou em um campo fértil para críticas, devido a uma série de contradições flagrantes em suas ações e declarações.
Urach se posiciona publicamente como defensora de direitos fundamentais de grupos historicamente marginalizados. Contudo, a própria escolha de suas alianças políticas questiona a sinceridade desse compromisso. Nas redes sociais, Andressa segue figuras de destaque da direita, como o deputado Nikolas Ferreira e o Coach Pablo Marçal, cujas posições ideológicas e políticas são, em grande parte, contrárias às pautas defendidas pelas comunidades que ela alega representar. Nikolas Ferreira, por exemplo, é conhecido por suas declarações controversas contra a diversidade de gênero e direitos das pessoas LGBTQIA+, o que torna sua aproximação com Urach algo no mínimo paradoxal.
A hipocrisia nesse cenário é evidente. Como uma pessoa que se diz aliada dos gays, trans e garotas de programa, como Andressa afirma ser, apoiar figuras políticas que frequentemente se opõem à legalização da profissão de trabalho sexual, ao reconhecimento de direitos para a comunidade LGBTQIA+ e até mesmo à igualdade de gênero, soa como uma tentativa de agradar diferentes públicos sem, de fato, tomar uma posição clara e coerente. Ela afirma ser do "centro", mas sua afinidade com líderes da direita, conhecidos por discursos conservadores e retrógrados, coloca sua candidatura em uma posição dúbia e questionável.
O movimento de Urach parece mais uma jogada estratégica de marketing político do que uma genuína vontade de promover mudanças no país. Em um momento em que os direitos das minorias ainda são frequentemente atacados por figuras políticas de direita, apoiar aqueles que lutam contra esses direitos enquanto se coloca como defensora deles é uma contradição que não pode ser ignorada. Em vez de abraçar um discurso de transformação social, Andressa parece se lançar em uma busca por poder, alinhando-se com quem já tem influência, sem considerar as implicações que isso tem para as causas que ela diz apoiar.
A política, especialmente em um país como o Brasil, onde as divisões ideológicas são intensas e polarizadas, exige consistência e clareza. Se Andressa Urach realmente deseja ser uma voz para as minorias, precisa, antes de tudo, avaliar suas alianças e suas ações. O que vemos é uma tentativa de construir uma imagem de defensora das causas sociais, enquanto, nos bastidores, a aproximação com figuras políticas que advogam contra esses mesmos direitos acaba por descreditar a sinceridade de suas intenções.
Em uma época onde os eleitores estão cada vez mais atentos e exigentes, é crucial que aqueles que se lançam à política não apenas falem sobre mudança, mas também demonstrem com ações concretas que estão verdadeiramente comprometidos com os ideais que professam. E Andressa Urach, até o momento, parece ser mais uma figura disposta a navegar na polarização política, ao invés de promover a verdadeira transformação social.