Nos últimos anos, a implementação da pensão sócioafetiva trouxe à tona diversas discussões sobre o papel do apoio financeiro em relações afetivas não formalizadas, e suas repercussões jurídicas. O que deveria ser uma medida de proteção para aqueles que, por questões afetivas ou financeiras, não têm um vínculo legal com o parceiro, acabou gerando um efeito colateral inesperado, especialmente no comportamento de muitos homens. A temida possibilidade de ser responsável financeiramente por filhos que não são seus, especialmente por meio da pensão alimentícia, tem levado uma parcela significativa de homens a evitarem relacionamentos com mulheres que já têm filhos. E, paradoxalmente, essa resistência ao compromisso afetivo fez com que a prostituição se tornasse uma alternativa mais viável para esses homens, levando ao aumento da procura por garotas de programa em detrimento de um relacionamento com mulheres que possam exigir responsabilidades financeiras com filhos de outros.
Em muitos casos, os homens preferem investir seu dinheiro em prostituição e em encontros com garotas de programa, onde não há compromisso de longo prazo ou qualquer tipo de responsabilidade futura, incluindo o apoio financeiro a filhos que não são seus. Essa mudança de mentalidade tem levado ao aumento da procura por esse tipo de serviço.
A busca pela prostituição, no Brasil e em diversas outras partes do mundo, tem se intensificado à medida que os homens, principalmente, têm se afastado de compromissos afetivos e familiares. A ideia de que “não vale a pena” se envolver com uma mulher que já tem filhos e que pode exigir algum tipo de apoio financeiro acaba empurrando muitos para a indústria do sexo.
Ao invés de estabelecer uma relação de parceria e de comprometimento com uma mulher, alguns homens acabam optando por pagar por serviços sexuais, sem ter de lidar com as complexidades e responsabilidades de um relacionamento tradicional. No fim das contas, o sistema de mercantilização do corpo floresce, onde o corpo feminino é tratado como algo disponível para consumo, sem que se exija qualquer tipo de investimento emocional ou financeiro a longo prazo.
No caso das mulheres que têm filhos, elas são muitas vezes estigmatizadas e deixadas à margem, com a sociedade insistindo na ideia de que a responsabilidade financeira associada à maternidade deve ser uma tarefa exclusiva delas, sem o apoio de um parceiro.