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Garçons não recebem a taxa de serviço esse dinheiro na maior parte fica para os restaurantes

Infelizmente é uma prática comum em muitos estabelecimentos. A taxa de serviço de 10% sugerida na conta não é obrigatória por lei, e, mesmo quando o cliente paga, nem sempre ela vai para os garçons. Em muitos restaurantes, esse valor é retido total ou parcialmente pela administração, sendo usado para cobrir outras despesas ou distribuído de maneira desigual entre os funcionários

03/05/2025 às 13h57
Por: Rede Geração
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Garçons não recebem a taxa de serviço esse dinheiro na maior parte fica para os restaurantes

Em praticamente todo restaurante no Brasil, a cena se repete: ao final da refeição, a conta vem acompanhada de uma “sugestão” de 10% sobre o valor consumido — a chamada taxa de serviço. A maioria dos clientes paga sem questionar, acreditando estar recompensando o bom atendimento prestado pelos garçons. No entanto, o que deveria ser um ato de valorização profissional tornou-se, em muitos casos, uma armadilha ética e uma distorção empresarial vergonhosa.

A verdade é incômoda: a maior parte dessa taxa não chega aos profissionais que atendem às mesas. Em vez de ser repassada de forma justa e direta, como muitos consumidores imaginam, a taxa de serviço frequentemente vai parar no caixa dos restaurantes, servindo para cobrir despesas internas, garantir lucros mais altos aos donos ou ser redistribuída de forma desigual — quando não é simplesmente apropriada sem qualquer explicação.

Essa prática revela um problema estrutural de transparência e ética na relação entre patrão, funcionário e cliente. O consumidor é levado a acreditar que está agindo corretamente ao pagar os 10%, mas na realidade, pode estar apenas engordando a margem de lucro de empresas que se beneficiam da desinformação coletiva e da falta de regulamentação eficaz.

O mais grave é que não há qualquer obrigação legal de cobrar ou pagar essa taxa. A legislação brasileira permite a cobrança como sugestão — e a Reforma Trabalhista de 2017 até define que, quando a gorjeta é cobrada, deve haver critérios para sua distribuição entre os empregados. Mas na prática, fiscalização quase inexistente e políticas internas obscuras transformam essa taxa em um terreno fértil para abusos.

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Em muitos restaurantes, esse valor é retido total ou parcialmente pela administração, sendo usado para cobrir outras despesas ou distribuído de maneira desigual entre os funcionários.

Há diferentes formas de como esse dinheiro pode ser tratado:

  • Distribuição parcial: apenas uma parte vai para os garçons, o restante é dividido entre a equipe da cozinha, caixa, ou fica com a empresa.

  • Nenhuma distribuição: em alguns lugares, os donos ficam com todo o valor, o que é eticamente questionável.

  • Caixa coletivo (rateio): o valor é dividido entre todos os funcionários, o que pode beneficiar a equipe como um todo, mas desvalorizar o trabalho direto do garçom com o cliente.

Por isso, muitos garçons preferem que a gorjeta seja dada em dinheiro diretamente a eles, pois assim têm certeza de que receberão a recompensa pelo serviço prestado.

Nos bastidores da restauração, a realidade é conhecida: garçons que dependem de gorjetas diretas, preferencialmente em dinheiro; profissionais que recebem apenas uma fração do que foi pago em seu nome; ambientes onde questionar a política de divisão da taxa é visto como insubordinação. Tudo isso enquanto o cliente, bem-intencionado, continua sendo enganado por uma estrutura que lucra com a ilusão da gratificação.

É preciso romper com essa lógica perversa. O setor de alimentação fora do lar movimenta bilhões de reais anualmente, e parte desse sucesso se deve ao esforço de atendentes que, muitas vezes, vivem com salários baixos e jornadas exaustivas. Transformar a taxa de serviço em um verdadeiro mecanismo de valorização profissional exige mais que boa vontade do cliente: exige transparência, fiscalização e respeito à dignidade do trabalho.

Enquanto isso não acontece, o mais honesto é simples: se quiser garantir que sua gratificação chegue ao garçom, entregue em mãos. Porque os 10% na conta, ao contrário do que dizem, quase nunca são deles.

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