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Acusação de crime e risco a vida na UEM, denunciante é coagido dentro da instituição

Universidade abriga, silencia e compartilha responsabilidades em caso de violência institucional de terceiros

05/07/2025 às 03h00 Atualizada em 05/07/2025 às 06h04
Por: Opinião, crítica e análise
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Foto: Agência de notícias
Foto: Agência de notícias

O caso mais grave ocorreu dentro de uma sala do Departamento de Arquitetura, onde uma servidora envolvida no projeto Cuida Paraná entregou uniformes aos alunos e, ao se deparar com uma estudante gorda, disparou: “Toma, pega duas e faz uma.” A fala, carregada de desprezo e discriminação, foi testemunhada por colegas de curso e docentes, mas até o momento não gerou reação pública da reitoria da universidade.

Pior: a tentativa de silenciamento da denúncia também ocorreu dentro do campus da UEM, na Unidade de Psicologia Aplicada, onde foi realizada uma reunião surpresa, sem aviso ou pauta definida, com presença de instrutores e alunos. O tom foi de intimidação velada, apelando à “lealdade institucional” e à preservação da imagem do projeto. A coação contra o denunciante, registrada e relatada aos órgãos de controle, mostra que não se tratou de um mal-entendido isolado, mas de uma estratégia consciente de inversão de culpa e abafamento da crítica.

Veja o vídeo com os áudios da reunião:

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Embora a UEM não seja diretamente responsável pela execução pedagógica do Cuida Paraná, ela cedeu sua infraestrutura, nome, legitimidade institucional e ambiente acadêmico. Ao permitir a realização do programa em seus espaços, assume corresponsabilidade política, ética e administrativa sobre o que ali ocorre. O silêncio da reitoria, até agora, equivale a uma anuência silenciosa às violências cometidas, em total desacordo com os princípios que regem a universidade pública, plural e inclusiva.

A situação se agrava quando se observa a conduta das demais entidades envolvidas. O diretor do SENAI, responsável técnico pelo curso, causou espanto ao mandar as vítimas pedirem desculpas à servidora acusada de gordofobia — a mesma que, além da agressão verbal, é vista como principal articuladora do projeto e dos erros administrativos, como a falta de EPIs obrigatórios para aulas práticas.

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Veja o vídeo da denúncia: alunos em aulas práticas sem EPIs: 

Em vez de acolher os denunciantes, o diretor coagiu, inverteu narrativas e desrespeitou a dignidade dos alunos, numa conduta incompatível com o discurso de formação ética e cidadã que o programa diz promover.

A reunião coercitiva e os episódios de discriminação foram formalmente denunciados ao Ministério Público do Paraná (MP-PR), e também encaminhados ao Tribunal de Contas do Estado (TCE-PR), ao Ministério Público do Trabalho (MPT), à Controladoria-Geral do Estado (CGE-PR) e ao Ministério dos Direitos Humanos.

O programa Cuida Paraná teve outras denúncias, incluindo a exposição de um aluno com transtornos mentais e cognitivos, sem qualquer acolhimento, reforçando o padrão de violência institucional e negligência por parte dos responsáveis pelo projeto.

Saiba mais sobre: Clique aqui e veja vídeo da conversa de WhatsApp

O que poderia ser um programa exemplar de inclusão social se tornou um estudo de caso sobre abuso de poder, negligência estatal e racismo institucional contra corpos dissidentes. As ações corretivas que se esperariam — investigação interna, afastamento de servidores, retratações públicas — jamais vieram. Em seu lugar, vieram reuniões intimidadoras, silêncio institucional e blindagem dos agressores.

Num contexto em que o Cuida Paraná se apresenta como símbolo do cuidado social, o mínimo esperado seria o fornecimento de EPIs básicos e a garantia de ambientes livres de preconceito — não a naturalização da gordofobia e a repressão de denúncias.

O caso também expõe a fragilidade das parcerias entre Estado, instituições de ensino e entidades do Sistema S, que, ao serem celebradas sem critérios claros de controle, se tornam campos férteis para violências simbólicas e operacionais. Quando universidades públicas, como a UEM, cedem seus espaços sem exigir contrapartidas éticas, comprometem sua missão formadora e mancham seu legado histórico.

A responsabilidade é coletiva, mas a omissão é sempre institucional.

Repercusão do caso na política:

Saiba mais sobre: Clique Aqui

 

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Cidade planejada, fundada em 1947. Conhecida como "Cidade Canção", destaca-se pela arborização, qualidade de vida e urbanismo moderno. É sede de importantes universidades e centros de tecnologia. Seu principal símbolo é a Catedral com 124 metros de altura. O nome homenageia a canção “Maringá”, de Joubert de Carvalho.
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